A denominação "estimulação elétrica neuromuscular" (EENM) refere-se á utilização de equipamentos que geram corrente elétrica para estimulação no nível motor, ou seja, geram contração muscular. Diferentemente dos equipamentos de eletroanalgesia, a EENM tende a passar pelo limiar sensitivo, atuando basicamente no limiar motor, o qual exige uma corrente com pulsos de maior duração.
Esses recursos, quando aplicados no corpo humano, tendem a gerar uma despolarização do motoneurônio inferior e consequentemente todas as etapas fisiológicas da contração. Portanto, para que se tenha o resultado esperado com esses recursos, há a necessidade de uma fibra nervosa eferente integra. Em casos de lesões periféricas, outros recursos devem ser utilizados, após uma análise por eletrodiagnóstico, prática esta que não será abordada neste capítulo.
Em resumo, os principais efeitos e indicações dos equipamentos de EENM são: manutenção ou recuperação da forca, substituição da cinesioterapia em algumas condições, evitar flacidez, hipotrofia e os sinais clássicos da inatividade muscular. Clinicamente, os três aparelhos mais comuns utilizados no país são o de Estimulação Elétrica Funcional (FES), Corrente Russa e Corrente Aussie.
Em termos de aplicabilidade clínica, a EENM pode ser usada em diversas situações onde há necessidade de auxílio externo à atividade de músculos inibidos ou com déficit de força. Pacientes com história de lesões em membros superiores como síndrome do impacto, lesões labrais, discinese escapular entre outras, podem se beneficiar de um programa de fortalecimento de trapézio fibras ascendentes, serrátil anterior e manguito rotador associado a correntes excitomotoras. Além disso, alterações em membros inferiores como impacto femoroacetabular, lesões de labrum no quadril, síndrome da dor femoropatelar, osteoartrite, lesões ligamentares ou pós-operatórios também apresentam resultados significantes quando associados à EENM. Veja abaixo alguns exemplos clínicos destas associações.
Quanto mais o fisioterapeuta conhecer o funcionamento dessas correntes e a sua aplicabilidade, mais fácil será pensar em formas de usar a eletroterapia na fisioterapia, criando programas de tratamento que realmente reabilitem o paciente e ajudem-no a ter uma qualidade de vida muito melhor.
Lembrando que, na maioria das vezes, apenas a eletroterapia não é suficiente como tratamento único, já que ela não costuma tratar das causas do problema, apenas funciona como um tratamento adjacente, que auxilia o paciente a sentir menos dor ou a ter uma qualidade de vida melhor.