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O Alzheimer e a luta contra o relógio

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  Ilustração mostra o funcionamento do cérebro com Alzheimer  Foto: Latinstock

Ilustração mostra o funcionamento do cérebro com Alzheimer Latinstock

A doença de Alzheimer tem se expandido com velocidade alarmante no mundo, mas ainda intriga cientistas. Segundo a Associação Internacional da Doença de Alzheimer (ADI), 35,6 milhões de pessoas convivem com a enfermidade, segundo dados de 2010. A estimativa é que este número praticamente dobre a cada 20 anos, chegando a 65,7 milhões em 2030; e a 115,4 milhões, em 2050. Mas como se trata de uma enfermidade até agora incurável e cuja causa ainda é desconhecida, pesquisadores de todo o mundo se debruçam em formas de, ao menos, facilitar o diagnóstico e de apontar seus riscos de ocorrência.

Publicado este mês no periódico "Neurology", um estudo de três universidades americanas — Emory, da Pensilvânia e de Washington — deu mais um passo no intuito de desenvolver um teste de sangue para identificar o Alzheimer, que atualmente é diagnosticado clinicamente ou por meio de análise cerebral. Na pesquisa, foram medidos os níveis de 190 proteínas contidas no sangue de 600 voluntários: pessoas saudáveis, com diagnóstico de Alzheimer ou de Comprometimento Cognitivo Leve (MCI, na sigla em inglês) — que pode ser um estágio anterior do Alzheimer e que já aponta para o declínio das habilidades cognitivas. Os testes mostraram que os níveis de quatro proteínas (apolipoproteína E, peptídeo natriurético do tipo B, proteína C reativa e polipeptídeo pancreático) eram destoantes nos pacientes com MCI e Alzheimer, se comparados com os mesmos níveis em voluntários saudáveis.

— Apesar de os testes de sangue ainda não estarem prontos para serem colocados em prática, agora nós já identificamos formas de torná-los viáveis — afirmou o autor principal do trabalho, William Hu, professor assistente de Neurologia na Universidade de Medicina de Emory, na Geórgia, EUA.

Alzheimer custa US$ 604 bilhões por ano

Outra pesquisa, divulgada em julho durante a conferência internacional da ADI, mostrou que cientistas do Brigham and Women's Hospital, de Boston, nos EUA, já estão oferecendo um teste genético preliminar para estimar os riscos de Alzheimer em pessoas diagnosticadas com o MCI. Eles acompanharão estes pacientes por seis meses, e novos resultados devem ser divulgados no final deste ano.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou um comunicado cobrando que governos e formuladores de políticas públicas considerem a doença uma prioridade mundial no âmbito da saúde pública. Segundo o relatório, os custos estimados com ela são de US$ 604 bilhões por ano no mundo. Hoje, apenas oito dos 194 Estados membros da OMS têm um plano nacional de combate à demência em execução.

O Alzheimer é o principal tipo de demência, ou seja, doença degenerativa que afeta os neurônios. Há, no entanto, outras formas comuns de demência que afetam a população, como a vascular (devido a acidentes vasculares cerebrais) e a de corpos de Lewy (estrutura anormais de proteínas em certas partes do cérebro). Há ainda infecções que podem afetar o cérebro, como Aids e doença de Lyme (causada por bactéria transmitida pelo carrapato). A Esclerose Múltipla, as doenças de Huntington (disfunção cerebral hereditária) e de Pick (neurodegenerativa rara) e de Parkinson também podem acabar levando à demência.



Fisioterapia na sindrome Whiplash

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O chicote (SLC), também chamado de entorse do pescoço, chicote ou "chicote", é uma lesão causada por um movimento súbito e abrupto da cabeça para trás (hiperextensão), frente (hiperflexão), ou ambos, onde os músculos , ligamentos e articulações do pescoço ficam lesionados.

É comum em pessoas que sofrem de acidentes de trânsito por colisão ou outro trauma.Quando o veículo para de repente, colide ou sofre batida traseira, o cinto de segurança impede que o corpo seja jogado para a frente, mas a cabeça pode avançar, em seguida, para trás, fazendo com que é conhecido como chicote ou whiplash .

SINTOMAS

A dor severa ou espasmo muscular na região do pescoço e da limitação drástica do movimento do pescoço. Muita dor no pescoço ou braços e dormência nas extremidades superiores.Outros sintomas incluem dores de cabeça, tontura e vertigem, zumbido nos ouvidos, distúrbios na visão. Esta pode ser acompanhada de outras lesões musculares, sangramento interno e pequenas edemas e em casos extremos, hérnia ou ruptura das vértebras.

O chicote vertical é mais comum em pessoas jovens, Apesar da sua natureza geralmente benigna, a sua abundância torna uma doença importante, especialmente pelo tempo necessário para erradicar os sintomas.

PREVENÇÃO

A melhor maneira de combater o chicote é a prevenção. 40-50 por cento de todas as lesões poderiam ser evitados por fornecer apoio para a cabeça adequada no veículo e ter certeza que eles estão bem colocados.

No caso das crianças, os carros devem estar preparados para fornecer assentos aprovados em conformidade com as características dos menores, bem como os cintos de segurança na parte traseira do veículo.

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

O diagnóstico de whiplash é complicado pela diversidade de trauma relacionado.

Tratamento de chicote vertical, geralmente consiste de imobilização do pescoço através de um colar, o descanso, a administração de anti-inflamatórios e, finalmente, a fisioterapia para fortalecer os músculos do pescoço e ombros.

Em casos onde a dor se torna crônica, há a possibilidade de um tratamento chamado "rizolisis ", que consiste em queimar os nervos da articulação afetada, para evitar dor transmitida.

POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES

Órgãos Nas crianças, o chicote pode ser muito mais grave, eles são mais propensos a desenvolver hemorragias internas e lesões na coluna vertebral.

PROGNÓSTICO

Estima-se que 50 por cento daqueles que sofrem de chicote vertical de desconforto entre um e três meses. Outro 40 por cento de desconforto ao ano, enquanto 10 por cento sofrem de dor na região do pescoço ao longo de sua vida.

Quando o problema persistir após um mês e meio da colisão pode ter causado o chicote vertical outras lesões mais graves nos ossos ou cérebro.

Whiplash ou tensão cervical exerce uma diminuição significativa da qualidade de vida, e tão ampla que as dores sofridas pelo afetado podem levar à ansiedade aguda ou até mesmo depressiva.

O tratamento de fisioterapia se faz necessário para a diminuição dessa dores e recuperação funcional da região cervical. Uso da eletroterapia para fazer analgesia e relaxamento da região junto com a cinesioterapia, com alongamentos manobras manuais podem abreviar o desconforto do paciente.


Tratamento de incontinência urinária masculina

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A incontinência urinária masculina pode ser decorrente da incompetência esfincteriana, da hiper ou hipoatividade detrusora, ou de um processo obstrutivo infra-vesical. Portanto, é necessário o reconhecimento do tipo de incontinência urinária, para que o tratamento a ser instituído seja o mais adequado. A literatura tem apresentado um grande número de publicações que demonstram sucesso no tratamento clínico da incontinência urinária masculina.

Inicialmente é importante descartar a possibilidade de uma incontinência urinária transitória. Neste caso, a ação sobre os fatores desencadeantes, como a obstipação intestinal, a infecção urinária, o uso de medicamentos com ação colateral no trato urinário inferior, é a solução para a incontinência urinária na maioria das vezes.1

Nos pacientes com graus leves de incontinência de esforço, instabilidade detrusora e nos portadores de patologias demenciais, medidas como o esvaziamento vesical freqüente, programado ou estimulado, são de grande utilidade. O seu objetivo é manter o volume e pressão vesicais em valores abaixo do ponto em que ocorre a falha no armazenamento da urina, evitando assim a perda urinária.

Embora não muito difundidas na literatura urológica, a fisioterapia e a cinesioterapia, por meio de exercícios que visam o fortalecimento da musculatura pélvica, tem promovido resultados controversos no tratamento da incontinência urinária de esforço. 2

Outro método, o biofeedback baseia-se na transmissão de conhecimentos, para o paciente, a respeito do processo biológico em questão, no caso a incontinência urinária, objetivando um controle voluntário sobre esse processo, a partir dos sintomas e sinais por ele apresentados. Para tal, podem ser utilizados dados urodinâmicos, bem como outros recursos áudio-visuais. O sucesso obtido com este método chega a atingir em média 40% dos pacientes com incontinência de esforço ou instabilidade detrusora.3

A estimulação elétrica através de dispositivos cutâneos, endo-anais, eletrodos locados no períneo por via percutânea, entre outros, promove um aumento na resistência esfincteriana e redução na contração detrusora (estimulação de ramos do nervo pudendo e nervo pélvico). Os resultados obtidos pelos diversos autores são muitas vezes não reproduzíveis. Em um estudo com 20 pacientes portadores de incontinência urinária pós-prostatectomia, submetidos a esta forma de tratamento, oito obtiveram sucesso.4 Outros autores alcançaram até 80% de melhora em pacientes portadores de incontinência urinária decorrente de instabilidade detrusora.5

Várias drogas são utilizadas no tratamento da incontinência urinária masculina. Cada classe de medicamentos tem aplicação específica sobre determinado tipo de incontinência urinária. Os agonistas alfa-adrenérgicos promovem um aumento na pressão de fechamento uretral através da estimulação de receptores alfa-adrenérgicos localizados em grande quantidade no colo vesical, cápsula e estroma prostáticos. Seu uso pode desencadear efeitos colaterais adversos principalmente do ponto de vista hemodinâmico. A droga mais utilizada é a fenilpropanolamina (Ornatrol ®).

Alguns miorrelaxantes, como a oxibutinina (Retemic®), tem ação direta no detrusor e um efeito anticolinérgico, promovendo uma redução na contratilidade vesical. Tem sua indicação mais específica nos casos de incontinência urinária secundária a instabilidade detrusora. Os anticolinérgicos puros também são muito utilizados neste tipo de incontinência urinária, sendo o brometo de propantelina o maior representante desta classe de medicamentos.

Se a incontinência urinária é conseqüência de um mau esvaziamento vesical, decorrente de um processo obstrutivo infravesical funcional, podemos utilizar drogas bloqueadoras alfa-adrenérgicas, como a doxazosina, a alfuzosina e a terazosina, as quais promovem um relaxamento na musculatura lisa esfincteriana, facilitando a drenagem urinária. Nos casos em que esse esvaziamento vesical deficitário é fruto de uma hipocontratilidade detrusora a instituição do cateterismo vesical intermitente faz-se necessária.

Quando as medidas acima citadas não são suficientes e o paciente não apresenta condições de tratamento cirúrgico ou na eventual falha deste último, só nos resta lançar mão de dispositivos coletores ou absorventes de urina, apesar dos transtornos ocasionados por estes.

BIBLIOGRAFIA

  1. FRIED, G. W.; GETZ, G.; POTTS-NULTY, S.; CIOSCHI, H. M.; STAAS JR, W. E. - A behavioral approach to the treatment of urinary incontinence in a disable population. Arch. Phys. Med. Rehabil 1995, 76(12): 1120-1124
  2. HARRISON, S. C. W.; ABRAMS, P. - Postprostatectomy incontinence. In: MUNDY, A. R.; STEPHENSON, T. P.; WEIN, A. J., ed - Urodynamics principles, practice and application, 2nd edition, Churchill Livingstone, 1994. p. 257-262.
  3. STEIN, M.; DISCIPPIO, W.; DAVIA, M.; TAUB, H. - Biofeedback for the treatment of stress and urge incontinence. J. Urol 1995, 153 (3 pt 1): 641-643
  4. TANAGHO, E. A.; SCHMIDT, R. A. - Electrical stimulation in the clinical management of the neurogenic bladder. J. Urol 1988, 140: 1331
  5. ISHIGOOKA, M.; HASHIMOTO, T.; SASAGAWA, I.; NAKADA, T.; HANDA, Y. - Electrical pelvic floor stimulation by percutaneous implantable electrode. Br. J. Urol 1994, 74(2): 191-194

Saiba mais sobre a Drenagem Torácica

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Drenagem é a técnica para remover coleções líquidas ou gasosas de uma cavidade serosa, ferida ou abscesso por meio de simples abertura ou através de colocação de dreno ou qualquer material com que se assegura a saída dos fluidos, através da pele ou mucosas. É uma técnica invasiva e cruenta, geralmente necessitando aberturas médias ou grandes da pele num local estratégico em função da proximidade ou tipo de líquido.

A drenagem pode ser classificada sob vários aspectos.

#FINALIDADE:

1-Diagnóstica- visa observar o volume e o ritmo da saída de líquidos e gases, a fim de se determinar a existência e a permanência de uma afecção interna (ex. hemorragia interna).

2-Preventiva- é uma das mais usadas sendo feita sempre em cirurgias onde haja ou se suspeita de infecção, quando os líquidos que se formam no local podem comprometer o resultado cirúrgico ou o estado geral do paciente (ex. cirurgias de pâncreas, apendicite aguda com absessos localizados, etc.).

3-Curativa- visa eliminar o líquido enclausurado, geralmente pus, permitindo que o organismo promova a recuperação do processo (ex. abscesso subfrênico ou empiema da cavidade pleural).

#MECANISMO:

1-Espontânea- o líquido preso dentro da cavidade orgânica com aumento de volume pode drenar para outras regiões internas do corpo ou para o exterior do organismo por aumento da pressão do líquido ou por necrose tecidual.

2-Cirúrgica- é feita quando o processo não responde ao tratamento anti-infeccioso ou quando atingir grandes proporções.

#MATERIAL:

1-Tubos semi-rígidos- geralmente feitos de plástico ou borracha, são usados em grandes cavidades orgânicas, pois assegura a saída livre de grandes volumes de líquidos ou de ar.

2-Lâmina flexível- geralmente feita de borracha, são colocadas em regiões menores, com produção pequena de líquidos.

3-Tubo rígido ou trocarte- feito com material metálico, não pode permanecer muito tempo no organismo. É destinado à saída de grandes volumes líquidos em pequeno espaço de tempo

#MANUTENÇÃO:

1-Simples- o líquido é eliminado livre espontaneamente pelo orifício de drenagem, pode ser aberta ou fechada. Aberta: quando a extremidade do dreno é mantida aberta e acobertada por curativo simples de gaze ou compressa. Fechada: quando através de um dreno longo ou uma conexão com um sistema coletor, isolamos o material drenado do meio ambiente. "Drenagem em selo d'água" o dreno é mergulhado em soro fisiológico ou água, que impede qualquer contato do trajeto interno do dreno com o exterior.

1-Com aspiração- pode ser feita com um dreno simples, que consiste em tubo com um ou vários orifícios laterais, conectado a uma fonte de pressão negativa, podendo ser uma pêra de borracha, um sistema de vácuo ou uma pequena bomba de aspiração

 

-Aspectos específicos da drenagem torácica:

 

#Drenagem Pleural

A pleura visceral é uma parte integrante da superfície dos pulmões, enquanto a pleura parietal normalmente pode ser separada da parede torácica com relativa facilidade. Em estados anormais, cavidade pleural pode conter vários tipos de fluidos, gases ou massas de tecidos que comprimem o pulmão em vários graus.

Quando utilizar a drenagem aberta?

Este tipo de drenagem põe em comunicação a cavidade pleural com a atmosfera e não pode ser usada em condições normais. Seu uso restringe-se aos casos em que houver sinéquias pleurais que impeçam o colabamento pulmonar, como por exemplo, no empiema crônico.

Quando utilizar a drenagem fechada?

As principais indicações da drenagem incluem: pneumotórax (pós-operatório, espontâneo, traumático ou iatrogênico), empiema pleural, hemotórax de médio e grande volume, biliotórax, quilotórax. Só poderão ser usados drenos tubulares que não estão sujeitos ao colabamento. Os materiais são os mais diversos sendo os de borracha os preferidos.

-Drenagem no pós-operatório:

O volume de drenagem deverá ser rigorosamente medido. A perda contínua de sangue através do dreno, na ausência de um defeito no mecanismo de coagulação, poderá indicar uma reabertura no tórax à procura de vasos sangrantes. O volume drenado deverá ser medido e anotado a cada doze horas, assim como também suas características de coloração e cheiro.

-Drenagem no pneumotórax:

Insere-se um dreno calibroso número 28, na linha axilar média no sexto espaço intercostal.Se comparada à punção esta técnica é mais eficiente, pois devido ao calibre do dreno, a eficiência da drenagem é maior e o risco de sua obstrução menor.

-Drenagem nos derrames pleurais:

Os derrames livres no espaço pleural são melhor tratados por uma drenagem fechada e a inserção do dreno deve ser feita no quinto ou sexto espaço intercostal na linha axilar média.

As coleções septadas devem ser drenadas segundo sua localização. Esta se determina com radiografias de frente e de perfil, e com exame físico cuidadoso. O objetivo da drenagem aberta no empiema crônico é obter a evacuação do exsudato purulento e ao mesmo tempo facilitar a reexpansão do pulmão, obliterando a cavidade do empiema.

 

-Técnica da drenagem fechada:

1-O paciente deitado em decúbito dorsal horizontal ou sentado, escolhe-se o espaço intercostal;

2-Procede-se à antissepsia rigorosa, ampla;

3-Anestesia local de todos os planos, incluindo o nervo intercostal;

4-Punção exploradora;

5-Incisão da pele, com bisturi;

6-Dissecção romba com pinça de Kocher dos planos subcutâneo e músculos até a penetração do espaço pleural;

7-Inserção do dreno com o auxílio de uma pinça de Kocher que prende a sua extremidade e dirige o dreno para a cavidade pleural;

8-Fixação do dreno.

 

-Técnica da drenagem aberta:

1-Escolha do local para a drenagem;

2-Antissepsia rigorosa e anestesia local ou geral;

3-Posição do doente: sentado ou deitado;

4-Punção exploradora;

5-Incisão vertical ou oblíqua na pele, subcutâneo e músculos da parede;

6-Deslocamento do periósteo e costectomia;

7-Abertura da cavidade empiemática seguida de aspiração imediata do material purulento;

8-Sutura da pele;

9-Preenchimento da cavidade empiemática com gaze de tamponamento vaselinada;

10-Curativo com compressas.

 

-Complicações da drenagem pleural:

1-Hemorragia;

2-Lesão do pulmão;

3-Lesão do coração;

4-Lesão do diafragma;

5-Parada cardíaca;

6-Pneumotórax e enfisema subutâneo;

7-Infecção;

8-Obstrução do dreno.

 

-Retirada do dreno:

Alguns critérios devem ser observados para indicar o momento mais oportuno para a retirada do dreno, tais como: expansão pulmonar, parada da drenagem e parada de oscilação do nível líquido.

 

-Técnica de retirada do dreno:

1-O paciente é colocado sentado ou em decúbito dorsal horizontal, e é feita antissepsia;

2-Remoção do curativo;

3-Manobra de ordenha do dreno;

4-Solicita-se ao paciente para fazer expiração profunda, enquanto se traciona progressivamente o dreno até a retirada;

5-É feito um pinçamento das bordas da ferida e em seguida a ferida é fechada com agrafes ou curativo oclusivo;

6-Os agrafes são retirados após cinco dias.

 

#Drenagem Pericárdica

É indicado nos derrames purulentos e no pós-operatório, usualmente é feita a drenagem aberta. Existem dois tipos de procedimentos: Procedimento subxifoidiano, incisão longitudinal de 5cm na linha mediana anterior, logo abaixo do apêndice xifóide. Procedimento paraesternal, a incisão é feita sobre a quinta cartilagem costal em mais ou menos 6cm de extensão.

A retirada do dreno é feita após quatro a seis semanas, quando já houver cicatrização da cavidade pericárdica.

 

#Drenagem do Pulmão

É feita através da parede torácica após a ressecção de um segmento de costela sobre a região na qual ele se projeta na radiografia.

O tratamento cirúrgico atual consiste na ressecção da área pulmonar comprometida, quase sempre a lobectomia, não há mais lugar para a drenagem cavitária, muito usada antes do advento dos antibióticos.

 

#Drenagem do Mediastino

As principais indicações são as mediastinites agudas e mais raramente o enfisema mediastinal. A incisão é feita ao longo da borda anterior do esternocleidomastóideo e aprofundada para a fáscia cervical profunda.

 

Referências Bibliográficas

MAGALHÃES, hélio pereira. Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental. 3ª ed. SP: Sarvier, 1989.

SILVA, alcino lázaro. Cirurgia de Urgência. 2ª ed. RJ: Medsi, 1994.

Indicações da fisioterapia respiratória neonatal e pediátrica

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Com relação às indicações da fisioterapia respiratória em recém nascidos pré-termo (RNPT), Paratz e Burns1 concluíram que o tratamento fisioterapêutico em RNPT enfermos tem indicação sob certas condições clínicas, como as síndromes aspirativas, a síndrome do desconforto respiratório, pneumonias, atelectasias, e na prevenção de
complicações da ventilação mecânica.

Quatro outros estudos2-5 concluíram que a intervenção fisioterapêutica está indicada na presença de secreção na via aérea, e nos casos com evoluções desfavoráveis à gasometria e/ou ao exame radiológico, sinais indicativos de possíveis problemas com a depuração ciliar, com a ventilação ou outra
alteração da mecânica respiratória, e na maioria das vezes com as três condições.

Em algumas situações a fisioterapia respiratória tem mostrado grande impacto e pode alterar o prognóstico do paciente. Isto foi observado na síndrome do desconforto respiratório, na síndrome de aspiração meconial, na displasia broncopulmonar, nas pneumonias neonatais e nos pósoperatórios de cirurgias de grande porte. A
fisioterapia pré e pós-extubação também mostrou valor na redução da incidência de complicações, como as atelectasias pós-extubação.

Os pacientes pediátricos internados em terapia intensiva têm indicação de fisioterapia respiratória em casos de hipersecreção brônquica, submetidos ou não à ventilação mecânica, pois  há otimização da função cardiopulmonar e redução do agravo respiratório.

Objetivos da fisioterapia respiratória neonatal

Seis estudos4,9-13 descrevem os objetivos da assistência fisioterapêutica em recém-nascidos e crianças:

l otimizar a função respiratória de modo a facilitar as trocas gasosas e adequar a relação ventilação-perfusão;
l adequar o suporte respiratório;
l prevenir e tratar as complicações pulmonares;
l manter a permeabilidade das vias aéreas;
l favorecer o desmame da ventilação mecânica e da oxigenoterapia.

Embora os objetivos da fisioterapia sejam semelhantes àqueles traçados para os adultos, a assistência fisioterapêutica em Pediatria / Neonatologia apresenta  particularidades relacionadas às diferenças anatômicas e fisiológicas existentes nestes pacientes, em relação às demais faixas etárias.

Retirei daqui

Resumo de entorse no joelho

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A entorse do joelho é uma lesão dos ligamentos, cordões resistentes de tecido fibroso que ligam os ossos da perna superior e inferior na articulação do joelho. A articulação do joelho tem quatro ligamentos principais.

  • Ligamento cruzado anterior (LCA) - A ACL eo ligamento cruzado posterior (LCP) ponte no interior da articulação do joelho, formando um "X" que estabiliza o joelho contra o front-to-back e back-to-front forças. A ACL tipicamente torce durante um dos movimentos do joelho seguintes: uma súbita parar; uma torção de pivô, ou mudança de direcção ao nível da articulação; overstraightening extrema (hiperextensão); ou um impacto directo para o exterior do joelho ou inferior da perna. Estas lesões são vistos entre os atletas no futebol, basquete, futebol, rugby, luta livre, ginástica e esqui.

  • Ligamento cruzado posterior (LCP) - As obras PCL com a ACL para estabilizar o joelho. Na maioria das vezes torce por causa de um impacto direto para a frente do joelho, como bater o joelho no painel em um acidente de carro ou pouso forçado em um joelho dobrado durante a prática desportiva. Em atletas, as lesões PCL são mais comuns entre aqueles que jogam futebol, basquete, futebol e rugby.

  • O ligamento colateral medial (LCM) - O MCL apoia o joelho ao longo do lado interno da perna. Como o ACL, a MCL pode ser rasgado por um golpe direto de lado para lado de fora do joelho ou perna, o tipo de golpe que pode acontecer no futebol, futebol, hóquei e rugby. O MCL pode ser ferido por uma torção no joelho grave durante esqui ou wrestling, especialmente quando uma queda torce para fora da perna, longe da parte superior da perna.

  • Ligamento colateral lateral (LCL) - A LCL suporta o lado exterior do joelho. É o ligamento pelo joelho susceptível de ser torcido, porque a maioria das lesões LCL são causadas por um golpe para o interior do joelho, e que a área é geralmente protegido por a perna oposta.

Como outros tipos de entorses, distensões do joelho são classificados de acordo com um sistema de classificação:

  • Grau I (leve) - Essa lesão se estende do ligamento, o que causa lesões microscópicas no ligamento. Estas lágrimas minúsculas não afetar significativamente a capacidade global da articulação do joelho para suportar seu peso.

  • Grau II (moderada) - O ligamento é parcialmente arrancada, e há uma certa instabilidade ligeira a moderada (ou periódica dando) do joelho em pé ou em movimento.

  • Grau III (grave) - O ligamento é rasgada completamente separados ou na sua extremidade a partir do osso, e do joelho é mais instável.

Quando um ligamento do joelho sofre uma entorse grave, há uma boa chance de que outras partes do joelho também pode ser ferido. Por exemplo, porque o MCL ajuda a proteger o ACL a partir de certos tipos de forças de joelho extremos, o ACL pode tornar-se vulnerável a danos quando a MCL é rasgada. Em mais de metade das entorses moderadas ou graves MCL, a ACL também é torcido.

Entorse no joelho são muito comuns. Entorses ACL tende a causar sintomas mais significativas quando comparadas a lesões MCL. Muitos entorses MCL são tão leves que não resultar em uma visita a um médico.

Mais do que qualquer outro grupo, atletas de competição têm um risco muito elevado de entorse no joelho e outros tipos de problemas no joelho. Nas escolas da Europa elevados, o joelho é a articulação mais lesada entre os atletas que competem no futebol, futebol ou wrestling.

Os sintomas

Os sintomas de uma entorse do joelho variam dependendo do ligamento específico que é rasgada:

ACL Entorse

  • A pop dentro do seu joelho no momento da lesão

  • Significativo inchaço no joelho dentro de algumas horas após a lesão

  • Dor severa do joelho que o impede de participação contínua em seu esporte

  • Preto-e-azul descoloração ao redor do joelho

  • Instabilidade do joelho - a sensação de que seu joelho ferido reverterá ou dar se você tentar ficar

PCL Entorse

  • Leve inchaço no joelho, com ou sem instabilidade do joelho

  • Leve dificuldade em mover o joelho

  • Dor leve na parte de trás do joelho que piora quando você se ajoelhar

MCL Entorse

  • Dor no joelho e inchaço

  • Joelho de flambagem para o exterior

  • Uma área de sensibilidade sobre o MCL rasgada (no lado interior do joelho)

LCL Entorse

  • Dor no joelho e inchaço

  • Joelho de flambagem para o interior

  • Uma área de sensibilidade sobre o LCL rasgada (no lado exterior do joelho)

Diagnóstico

O seu médico vai querer saber exatamente como você machucou seu joelho. Ele ou ela vai perguntar sobre:

  • O tipo de movimento que causou a lesão (parada súbita, torção, pivô, hiperextensão, contato direto)

  • Se você sentiu uma pop dentro do seu joelho quando a lesão aconteceu

  • Quanto tempo levou para que o inchaço apareça

  • Se a dor severa do joelho afastado imediatamente após a lesão

  • Se seu joelho sentiu imediatamente instável e não poderia suportar o peso

O médico irá examinar ambos os joelhos, comparando o seu joelho lesionado com o um não lesionado. Durante este exame, o médico irá verificar o seu joelho machucado por sinais de inchaço, deformidade, ternura fluido, dentro da articulação do joelho e descoloração. Se você não tem muita dor e inchaço, o médico vai avaliar o alcance de seu joelho do movimento e vai puxar contra os ligamentos para verificar a sua força. Durante o exame, você vai dobrar o joelho eo médico irá puxe para a frente ou para trás empurrar em sua perna onde se encontra o joelho.

Se os resultados de seu exame físico sugerem que você tem uma lesão no joelho significativa, você vai precisar de testes de diagnóstico para avaliar melhor o seu joelho. Estes podem incluir padrão raios-X para verificar se há separação ligamento do osso ou fratura. As análises também podem incluir uma ressonância magnética (MRI) ou a câmera guiada por uma cirurgia no joelho (artroscopia).

Duração prevista

Quanto tempo uma entorse do joelho dura depende do tipo de entorse do joelho, a gravidade da sua lesão, o seu programa de reabilitação e os tipos de esportes que você joga. Em geral, mais suave Grau I e classe II MCL ou LCL entorses curar dentro de 2 a 4 semanas, mas outros tipos de entorse do joelho pode levar 4 a 12 meses.

Prevenção

Para ajudar a evitar ferimentos esporte-relacionados do joelho, você pode:

  • Aquecer e alongar antes de participar de atividades esportivas.

  • Faça exercícios para fortalecer os músculos das pernas em torno de seu joelho, especialmente o quadríceps.

  • Evitar aumentos súbitos na intensidade de seu programa de treinamento. Nunca empurrar-se muito difícil, muito rápido. Aumente sua intensidade gradualmente.

  • Usar calçados confortáveis ​​e de apoio que se encaixam os pés e se encaixam no seu esporte. Se você tiver problemas no alinhamento do pé que pode aumentar o risco de um joelho torcido, pergunte ao seu médico sobre palmilhas que podem corrigir o problema.

  • Se você joga futebol, pergunte ao seu médico de medicina desportiva ou treinador atlético sobre tipos específicos de chuteiras de calçados que podem ajudar a reduzir o risco de lesões no joelho.

  • Se você ski, use dois modos ligações de lançamento que estão devidamente instalados e ajustados. Certifique-se que o mecanismo de ligação está em boas condições de funcionamento e que as suas botas e presilhas são compatíveis.

Tratamento

Se você tem um Grau I ou II Grau entorse do joelho, o médico provavelmente irá recomendar que você siga a regra de RICE:

  • R est a articulação.

  • Eu ce a área lesionada para reduzir o inchaço.

  • C ompress o inchaço com uma bandagem elástica.

  • E levate o joelho lesionado.

O seu médico pode sugerir que você usar uma cinta joelho durante um curto período de tempo e que você tome um medicamento anti-inflamatório não esteróide (AINE), tais como o ibuprofeno (Advil, Motrin e outros), para aliviar a dor e aliviar o inchaço. Como sua dor no joelho gradualmente vai embora, o seu médico irá prescrever um programa de reabilitação para fortalecer os músculos em torno de seu joelho. Este programa deve ajudar a estabilizar o joelho e impedi-lo de ferir-lo novamente.

Se você tem uma entorse do joelho Grau III ou se vários ligamentos estão lesionados, o tratamento depende do tipo específico de entorse:

  • Grau III ACL ou PCL entorse - O ligamento rasgado pode ser reconstruída cirurgicamente usando um pedaço de seu próprio tecido (auto-enxerto) ou um pedaço de tecido do doador (enxerto). Quase todas as reconstruções do joelho usar a câmera guiada (artroscopia) a cirurgia.

  • Grau III entorse MCL - Essa lesão geralmente é tratada de forma conservadora com RICE, NSAIDs (tais como o ibuprofeno) e fisioterapia. Em certos casos, a cirurgia pode ser utilizado para reparar uma MCL rasgada.

  • Grau III entorse LCL - Em um grave entorse LCL, o ligamento rompido muitas vezes é reparado cirurgicamente.

  • Lesão simultânea de vários ligamentos - O seu médico irá discutir as várias opções cirúrgicas disponíveis.

Quando chamar um profissional

Se você ferir o seu joelho, contacte o seu médico para solicitar uma avaliação urgente se o joelho:

  • Torna-se muito dolorosa ou inchada

  • Não é possível suportar o peso

  • Sente como se reverterá ou dar

Prognóstico

Cerca de 90% das pessoas com lesões do LCA e 80% com lesões PCL pode esperar uma recuperação completa após tratamento adequado e um programa de terapia física boa. Quase todos os entorses MCL ea maioria das entorses LCL têm um excelente prognóstico.

Como uma complicação a longo prazo, algumas pessoas com ACL ou PCL entorses, eventualmente, desenvolver dor de osteoartrite na articulação do joelho lesionado. Este sintoma pode não iniciar até 15 a 25 anos após a lesão no joelho inicial.

Fumar durante a gravidez aumenta o risco de sibilância e asma nas crianças

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O tabagismo materno durante a gravidez está associado com sibilos e asma em crianças com idade pré-escolar, mesmo se essas não forem expostas à fumaça de cigarro após o nascimento.

Segundo pesquisadores do Institute of Environmental Medicine, na Suécia, existem evidências epidemiológicas que sugerem que a exposição ao tabagismo materno durante a vida fetal aumenta o risco de sibilância e asma na criança.

O estudo envolveu 21.000 crianças, das quais 735 foram expostas ao tabagismo materno apenas no período fetal. Essas crianças apresentaram maior risco para sibilância e asma na idade pré-escolar, especialmente aquelas cujas mães fizeram uso de tabaco no primeiro trimestre de gestação.

Na análise ajustada para sexo, escolaridade dos pais, asma parental, peso ao nascer e recorrência do problema em irmãos, o tabagismo materno durante a gravidez só foi associado com aumento do risco de sibilância e asma com a idade de quatro a seis anos. Além disso, o tabagismo materno durante o primeiro trimestre da gravidez, mas não durante o terceiro trimestre ou no primeiro ano após o parto, foi associado com aumento do risco de sibilância subsequente e asma.

De acordo com os pesquisadores, os resultados indicam que os efeitos nocivos do tabagismo materno sobre o sistema respiratório fetal começam no início da gravidez, talvez antes que as mulheres estejam conscientes de que estão grávidas.

Fonte: EurekAlert!, 17 de agosto de 2012

Treino bilateral versus unilateral melhorando a neuroplasticidade

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Na grande maioria dos tratamentos com pacientes neurológicos, as intervenções restringem-se a recuperação somente do membro afetado, pórem através de novos estudos como os de Bracewell77, Cauraugh et al.88, Luft et al.89, Whitall et al.90, entre outros, observa-se que o treino bilateral, incluindo o membro não lesado, pode trazer maiores benefícios para os indivíduos do que o treino unilateral.

O planejamento e execução de movimentos bilaterais podem facilitar a plasticidade neural, e isso pode ocorrer por três mecanismos: (a) desinibição do córtex que permite maior uso das vias poupadas no hemisfério danificado; (b) aumento do recrutamento de vias ipsilaterais para suplementar as vias cruzadas danificadas do hemisfério contralateral e (c) aumento da regulação dos comandos descendentes.

Há evidências que alterações anatômicas são dependentes do maior uso do membro não prejudicado. Se esse membro for imobilizado durante o período de maior desenvolvimento dendrítico (0-15 dias pós lesão) a arborização dendrítica não aconte

Alguns autores através dos resultados de seus trabalhos demonstram que o membro superior prejudicado tem uma melhor performance quando treinado em ações bimanuais do que quando utilizado sozinho. Mesmo porque a maioria das ações do dia a dia são bimanuais, há um extenso "maquinário neural" que envolve a coordenação bimanual de uma ação, por isso deve-se pensar antes de escolher o retreinamento do membro lesado.

Summers et al., em um estudo com pacientes que sofreram AVC, realizarm um tratamento que envolvia tarefas funcionais como agarrar, levantar objetos, e comparou o treino bilateral com o unilateral. Os resultados encontrados foram que os indivíduos que receberam treino bilateral tiveram redução no tempo de movimento do membro lesado, aumento da habilidade funcional e diminuição do volume do mapa do músculo alvo no hemisfério não afetado comparados com os que receberam o treino unilateral. Portanto a prática bilateral pode promover melhor recuperação da função.

O papel do hemisfério intacto na recuperação

As alterações contralaterais a lesão tem impacto na neuroplasticidade e são observadas depois de lesão unilateral no córtex de humanos e animais. Essas alterações no hemisféro intacto, como estimulação do crescimento axonal e a reinervação de regiões desnervadas no cérebro e na medula espinhal, além da expansão dos mapas corticais, podem influenciar a recuperação funcional e são responsáveis por bons resultados em pacientes neurológicos.

Alguns estudos confirmam que o desenvolvimento das alterações morfológicas como aumento do volume dendrítico no córtex motor contralateral acontece 18 dias pós lesão e o aumento do número de sinapses por neurônios 30 dias depois da lesão.

O hemisfério contralesional parece se beneficiar também com o enriquecimento motor por habilidades específicas ou movimentos voluntários. O prejuízo da função motora, geralmente contralateral, em algum tempo, provoca o uso compensatório do lado intacto.Em um estudo que observou 8 pacientes com boa recuperação do AVC todos tinham aumento da extensão ventral do campo da mão no córtex contralateral a lesão, tinham também grande ativação de áreas motoras suplementares, demonstrando que a plasticidade contralateral é melhor que a ipisilateral produzindo melhor recuperação.

Considerações importantes para uma melhor recuperação

Após lesão encefálica, tanto a intensidade do tratamento, como o intervalo de tempo entre a lesão e o início da reabilitação influenciam a recuperação da função nervosa.
É necessária precaução para começar os tratamentos, pois o uso excessivo antecipado (1-7 dias depois da lesão) no membro prejudicado causa exacerbação da lesão e piora dos resultados comportamentais. Estudos que comprovam essa teoria observaram que animais submetidos a uso forçado precoce do membro apresentaram colocação errônea do mesmo, respostas diminuídas à estimulação sensorial e uso defeituoso da pata para suporte postural. Ainda mais, o córtex desses animais apresentou grande aumento da lesão e ausência de crescimento dendrítico e de brotamento.

As diferenças individuais, como fatores genéticos, experiências pessoais em tarefas particulares, também devem ser relevantes durante o tratamento, pois interferem nos efeitos da prática. Diferentes modelos de ativação são observados em indivíduos com maior ou menor nível de familiariade com respectiva tarefa ou estímulo utilizado.

Retirado daqui


Troca e transporte de gases no pulmão

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Após os alvéolos serem ventilados com ar fresco, a próxima etapa no processo da respiração é a difusão do O2 dos alvéolos para o sangue e do CO2 no sentido oposto do sangue para os alvéolos.


Esta troca ocorre nas membranas respiratórias (todas as superfícies pulmonares) por meio de difusão, ou seja, tanto O2 quanto o CO2 passam do meio mais concentrado para um meio menos concentrado.


Como se pode perceber tanto O2 quanto CO2 tem um sentido oposto durante a difusão.


                                   


A difusão depende de cinco fatores:


1.      Solubilidade do gás em um liquido.

2.      A área da reação transversa do liquido.

3.      A distancia através da qual o gás deve difundir.

4.      Peso molecular do gás.

5.      Temperatura do gás.


A maioria dos gases com importância na fisiologia da respiração possuem uma solubilidade muito baixa no sangue e o inverso ocorre nos lipídios através da membrana celular onde são muito solúveis.


Quando há edema a membrana celular aumenta em muito a sua espessura, com isso se tem uma maior dificuldade para ocorrer à difusão.


Composição do ar alveolar e sua relação com o ar atmosférico, ao nível do mar.


                          

O ar alveolar não apresenta de modo algum as mesmas concentrações gasosas do ar atmosférico, pois:

  • O ar alveolar é substituído parcialmente por ar atmosférico a cada respiração.
  • O O2 esta constantemente sendo absorvido dos alvéolos para o sangue.
  • O CO2 esta em difusão constante do sangue para os alvéolos.
  • O ar atmosférico seco que penetra nas vias aérea é umidificado antes de chegar aos alvéolos.

A velocidade de renovação do ar alveolar pelo ar atmosférico ocorre de maneira muito lenta, pois em um individuo normal após a respiração no final da expiração o volume de ar que permanece no pulmão é de cerca de 2.300ml, todavia apenas 350ml chegam aos alvéolos a cada respiração normal, como conseqüência disso o ar renovado a cada respiração é de apenas 1/7, pois 2300/350 = 0,007.


Esta renovação lenta do ar é importante para evitar:


o       Alterações súbitas da concentração de gases no sangue.

o       Evitar o aumento ou diminuição excessiva na oxigenação dos tecidos.

o       Alterações súbitas da concentração de CO2 tecidual.

o       Alterações excessivas do pH do sangue e tecidos, quando a respiração é interrompida.

Concentração e pressão de O2 nos alvéolos:

  • É controlado em 1° lugar pela velocidade de absorção de O2 pelos capilares.
  • É controlado em 2° lugar pela velocidade da entrada do novo O2 para os pulmões pelo processo da ventilação.

Concentração e pressão de CO2 nos alvéolos:

  • O CO2 é continuamente formado no organismo, sendo também continuamente liberado nos alvéolos e apartir daí para fora do corpo.
  • A concentração de CO2 no sangue é muito mais importante que a de O2, e a causa disto veremos mais adiante.
  • Se o gás for solúvel no liquido (plasma) ele exerce pouca pressão este é o caso do CO2 que demora a saturar, já o O2 é muito pouco solúvel em meio liquido saturando mais rapidamente.

PV (pressão venosa pulmonar)O2: 40mmHg

PV (pressão venosa pulmonar)CO2: 45mmHg

Pa (pressão artéria pulmonar)O2: 104mmHg

Pa (pressão artéria pulmonar)CO2: 40mmHg

PA (pressão alveolar)O2: 100mmHg

PA (pressão alveolar)CO2: 40mmHg

Espaço morto fisiológico: é na realidade a soma do espaço morto anatômico com outros volumes gasosos pulmonares que não participam da troca gasosa.

o       Por exemplo: determinada área do pulmão é ventilada, mas não perfundida e os gases que chegaram aos alvéolos nestas regiões não podem participar das trocas gasosas e é funcionalmente morto.

o       Também pode ocorrer o contrario onde ocorre a perfusão, mas não ocorre a ventilação, o que resulta em um sangue que não pode fazer as trocas gasosas e a este sangue o chamamos de sangue shunt por sua incapacidade de realizar as trocas gasosas.  

o       O espaço morto fisiológico é maior que o anatômico.

Quando entra O2 no organismo a sua pressão parcial diminui devido a umidificação que ocorre nas vias aéreas, em santos de 160mmHg para 149mmHg. 

  • Pressão alveolar O2 = 104mmHg.
  • Pressão arterial O2 = 100mmHg.
  • Pressão venosa O2 = 40mmHg.

O CO2 é resultado da queima da glicose dentro das células, tendo como função reativar o tampão carbônico para a manutenção do pH.

CO2 + H2O ↔ H2CO3 ↔ H+  +  HCO3-

Este tampão tem como finalidade manter a estabilidade do pH, pois:

o       CO2↑   H+↑     pH↓, o que leva a uma acidose.

o       CO2↓   H+↓     pH↑, o que leva a uma alcalose.

É mais importante manter o equilíbrio de CO2 que o de O2:

  • [CO2] no ar atmosférico é praticamente 0mmHg.
  • [CO2] no ar atmosférico é praticamente 0mmHg. 
  • [CO2] no ar alveolar = 40mmHg.
  • Pressão arterial CO2 = 40mmHg.
  • Pressão venosa CO2 = 45mmHg.

Percebe-se que a diferença entre o sangue venoso e o arterial não pode ser muito grande, pois se isso ocorre-se o sangue venoso seria muito acido.

Quando o sangue venoso passa pelo pulmão deixa cerca de 5mmHg de CO2 saindo para a veia pulmonar com cerca de 40mmHg de CO2, então qualquer problema que impeça este processo em longo prazo acarretará uma acidose respiratória.


  • Acidose metabólica: ocorre por problemas relativos ao metabolismo, por exemplo, excesso de produção de acido lático, no diabético o excesso de corpos cetonicos no sangue e etc... Todos estes problemas aumentam a concentração de H+ no sangue o que por sua vê diminui o pH, para compensar tem-se uma hiperventilação para retirar o CO2 em excesso, os rins aumentam a excreção de íons H+ e a reabsorção de HCO3-.
  • Alcalose metabólica: por problemas do metabolismo tem se a falta de íons H+ e o excesso de HCO3- o que aumenta o pH, é compensado através de uma hiperventilação e os rins aumentam a excreção de HCO3- e a reabsorção de H+.
  • Acidose respiratória: causada por uma ventilação ruim, o que aumenta a concentração de CO2 no sangue que por sua vês diminui o pH do mesmo.Para se compensar 1° tem se os tampões dos líquidos corporais e também os rins necessitam de vários dias para corrigir o problema.
Alcalose respiratória: ocorre quando se tem uma ventilação excessiva que eleva o pH do sangue, para se compensar tem se os tampões corporais e também os rins.

O trabalho dos alvéolos pulmonares

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Os alvéolos são estruturas elásticas, formadas por uma membrana bem fina e envolvida por uma rede de vasos capilares sanguíneos.

Existem milhões de alvéolos em cada pulmão. É em cada um deles que ocorrem as trocas gasosas entre o pulmão e o sangue. Nos alvéolos ocorre uma difusão dos gases por diferença de concentração e, consequentemente, da pressão dos gases. O sangue que chega aos alvéolos absorve o gás oxigênio inspirado da atmosfera. Ao mesmo tempo, o sangue elimina gás carbônico no interior dos alvéolos; esse gás é então expelido do corpo por meio da expiração.

 

 

Os movimentos respiratórios

Na inspiração, o diafragma e os músculos intercostais se contraem. Ao se contrair, o diafragma desce e a cavidade torácica aumenta de volume verticalmente. Quando os músculos intercostais contraem, eles levam as costelas e o volume da cavidade torácica aumenta horizontalmente. Com o aumento do volume do tórax, a pressão do ar no interior da cavidade torácica e dos pulmões diminui. Então, a pressão do ar atmosférico torna-se maior que a pressão do ar interno, e o ar atmosférico penetra no corpo indo até os alvéolos pulmonares: é a inspiração.

Num segundo movimento, o diafragma e os músculos intercostais relaxam, diminuindo o volume da cavidade torácica. Então, a pressão do ar interno (no interior dos pulmões) aumenta, tornando-se maior que a pressão atmosférica. Assim, o ar sai do corpo para o ambiente externo: é a expiração.

Nos alvéolos pulmonares, o gás oxigênio, presente no ar inspirado, passa para o sangue que é então distribuído pelas hemácias a todas as células vivas do organismo. Ao mesmo tempo, as células vivas liberam gás carbônico no sangue. Nos pulmões, o gás carbônico passa do sangue para o interior dos alvéolos e é eliminado para o ambiente externo por meio da expiração.

Entenda as lesões de ligamentos no joelho

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Atletas, praticantes de esportes recreativos e sedentários têm algo em comum: o risco de sofrer uma lesão ligamentar no joelho. O ligamento é uma estrutura fibrosa, semelhante a uma corda, e apresenta diferentes espessuras de acordo com sua localização. O ligamento conecta um osso a outro dentro de uma articulação e sua principal função é de estabilizar a junta, ou seja, mantê-la no lugar a fim de impedir que um osso se desloque sobre o outro e assuma uma posição anormal. No joelho, existem quatro principais ligamentos: os cruzados anterior e posterior, e os ligamentos colaterais medial e lateral.

Segundo o médico Paulo Henrique Araujo, ortopedista e cirurgião graduado pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP, com especialização em Traumatologia ortopédica e cirurgia do joelho e membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), a lesão ligamentar pode ocorrer em várias situações e, principalmente, em decorrência de torções e traumas diretos durante a prática esportiva ou por ocasião de acidentes de trânsito, por exemplo.

"Geralmente, o paciente sente e ouve um estalo no joelho, seguido por dor, no momento do trauma. Se o ligamento acometido for um dos cruzados, que se localizam dentro do joelho, o derrame articular (água no joelho) aparece em seguida. Ao passo que, se a lesão for de um dos ligamentos colaterais, um inchaço se instalará no joelho", detalha o ortopedista.

Segundo o ortopedista, a lesão ligamentar mais frequente no joelho é a lesão do ligamento colateral medial - no lado interno do joelho -, que ocorre quando ele é forçado para dentro e a perna para fora. "Nesses casos, a indicação para cirurgia é exceção, pois esse ligamento tem uma boa capacidade de cicatrização. Por outro lado, a lesão ligamentar mais comum que leva ao tratamento cirúrgico acomete o ligamento cruzado anterior (LCA) e afeta, no Brasil, principalmente, jogadores de futebol, sejam os profissionais ou os de fim de semana", esclarece. Já a lesão do ligamento cruzado posterior (LCP) está mais associada a traumas de maior intensidade, como acidentes automobilísticos, muito embora também possa acontecer no esporte.

O médico ortopedista deve ser consultado para detectar o tipo da lesão e o tratamento adequado. Existem consequências imediatas e tardias quando a pessoa não dá atenção ao problema, realiza tratamento não adequado ou interrompe o processo de recuperação. "As imediatas são novos episódios de entorse, ou seja, instabilidade. Com isso, vem a insegurança, dor e o derrame articular. As consequências tardias são maiores danos na articulação, incluindo lesões de meniscos e cartilagem. Quanto maior o acometimento articular, maior a chance do paciente desenvolver uma artrose no futuro", finaliza Araujo.

Exames para identificação da lesão do ligamento cruzado anterior

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    Se os ligamentos forem forçados além dos limites normais da articulação, poderão sofrer uma deformação ou lesão permanente, dependendo da severidade da entorse a que foi submetido. A entorse poderá ocorrer em qualquer direção de movimento.

    Para Schenck (1999, p. 499),

    "as rupturas do LCA ocorrem com mais freqüência durante esportes que exigem movimentos de torção, salto e pivô. Geralmente estas lesões ocorrem sem contato. O pé está no solo, o joelho está flexionado e, quando o atleta realiza uma súbita mudança de direção, uma força valga é aplicada ao joelho, com a parte inferior da perna em rotação externa, resultando em incapacidade imediata. O mesmo mecanismo também ocorre em esportes de contato, como lesões que ocorrem no futebol americano e em lutas, quando o pé do atleta está no solo e ele é atingido na região póstero-lateral do joelho. Menos frequentemente, uma ruptura do LCA pode ocorrer com o joelho em hiperextensão e a perna em rotação interna. Esse tipo de lesão é raro em esportes individuais, exceto na ginástica e no esqui em declives. Quase todos os atletas que rompem o LCA serão incapazes de continuar praticando o esporte. O atleta em geral precisará de ajuda para levantar-se, e a extensão total do joelho será difícil e dolorosa no dia seguinte, devido à extremidade do LCA, que estará presa ao lado de fora da incisura intercondilar, bloqueando a extensão".

    No momento em que ocorrer a lesão o atleta poderá relatar ter ouvido um som de "estalido" muitas vezes podendo ser ouvido por outras pessoas que encontram-se nas proximidades do lesionado. Geralmente uma efusão é detectada horas após a lesão, o que indica a presença de hemartrose.

    Pessoas com lesões graves no LCA podem sentir dor repentina. Como descrito anteriormente normalmente ouve-se um "estalo" no joelho, causando um falseamento na articulação. Muitas vezes, após o trauma inicial, o indivíduo consegue sair andando, contudo isso não deve enganar o examinador.

    Para Dunitz (2001) o paciente pode desenvolver com o tempo um problema de "falseamento" recorrente (ele sente uma instabilidade que faz com que sinta que vai cair). Isso com freqüência indica lesão séria no LCA, que exige correção cirúrgica. Em algumas horas, após um trauma, pode aparecer um inchaço, causando desconforto e dor. O inchaço é sempre resultado de hemartrose (sangue no joelho) e 70% dos casos destas se devem a lesões no LCA.

    O que nos traz Dunitz (2001) é corroborado por Schenck (1999) onde o mesmo afirma que após ruptura do LCA, o atleta andará com o joelho flexionado, se for capaz de tolerar qualquer carga de peso. Ainda afirma o mesmo autor que a hemartrose desenvolve-se dentro de 6 a 12 horas após a lesão e quando isso ocorre geralmente é de moderada a grave.

Exames para identificação da lesão

    Os exames utilizados para identificação de lesões no LCA podem ser de ordem física ou radiográfica (imagem). O teste físico de Lachman é muito utilizado para a identificação imediata de possibilidade de lesões graves no LCA. Ainda utiliza-se muito o teste de gaveta em flexão.

    Segundo Dunitz (2001, p. 275), "Para identificar uma possível lesão do LCA faz-se "um teste de gaveta com o joelho em flexão de 20-30º e a tíbia em rotação neutra (teste de Lachman)". O teste é realizado empurrando-se a tíbia para frente em relação ao fêmur. Um teste de Lachman positivo é diagnóstico para ruptura do LCA.

    Para APPLETON & LANGE (2001) o teste de Lachman é o teste mais sensível para insuficiência do LCA. O teste de Lachman é comparado com o joelho contralateral normal. O exame pode ser classificado como Lachman 1+, demonstrando até 5 mm de translação tibial anterior do que no joelho contralateral normal; como 2+, de 5 a 10 mm; e como 3+, maior do que 10 mm.

    Outro teste utilizado é o teste de gaveta em flexão de 70-90º, com o joelho em rotação neutra ou interna. Entretanto, esse teste não é tão confiável como o este de Lachman, porque os músculos posteriores da coxa e corno posterior medial podem resistir a essa gaveta. O teste de Pivot Shift, ou teste da gaveta rotatória, pode ser positivo. Este teste é de difícil execução, especialmente em lesão aguda. Um teste positivo de Pivot Shift pode ser uma indicação para cirurgia em indivíduos ativos, desde que indique lesão crônica do LCA. A estabilidade em varo ou em valgo (lado) do joelho em 20-30º de flexão e extensão deve ser aplicada para excluir a possibilidade de lesão em outros ligamentos como LCM e LCL.

    Muitas vezes uma simples radiografia poderia ajudar para um planejamento pré-cirúrgico, mas não se faz necessário para diagnóstico de uma ruptura no LCA. Em casos raros, uma avulsao da espinha tibial irá ocorrer, o que afetaria o plano de tratamento definitivo.

    Segundo Dunitz (2001, p. 276), "[...] a artroscopia fornecerá o diagnóstico definitivo, principalmente quando combinada com sondagem do LCA. No entanto, a artroscopia diagnóstica é em geral desnecessária, uma vez que o diagnóstico pode ser confirmado no período do tratamento".

Retirei daqui

Qualidade de vida em mulheres após tratamento da incontinência urinária de esforço com fisioterapia

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A incontinência urinária de esforço (IUE) é definida pela Sociedade Internacional de Continência (ICS) como a queixa de perda involuntária de urina no esforço físico, espirro ou tosse1. É o tipo mais comum de incontinência urinária (IU) e a sua prevalência pode variar de 12 a 56% dependendo da população estudada e do critério empregado para o diagnóstico2,3.

O tratamento da IUE pode ser cirúrgico ou conservador e no Brasil a abordagem ainda é tradicionalmente cirúrgica4. Entretanto, visto que o tratamento cirúrgico envolve procedimentos invasivos que podem ocasionar complicações, são de custo elevado e podem ser contra-indicados em algumas mulheres, atualmente tem surgido interesse crescente por opções de tratamentos mais conservadores. Assim, dependendo do tipo e da severidade da IU, o tratamento fisioterápico tem sido recomendado como uma forma de abordagem inicial5.

Os exercícios fisioterápicos de fortalecimento do assoalho pélvico, os cones vaginais e a eletroestimulação intravaginal têm apresentado resultados expressivos para a melhora dos sintomas de IU em até 85% dos casos6,7. Um dos principais objetivos do tratamento fisioterápico é o fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico, pois a melhora da força e da função desta musculatura favorece uma contração consciente e efetiva nos momentos de aumento da pressão intra-abdominal, evitando assim as perdas urinárias8. Também colaboram positivamente na melhora do tônus e das transmissões de pressões da uretra, reforçando o mecanismo de continência urinária4,6.

Entretanto, muitas mulheres ignoram a localização e a função do assoalho pélvico e são incapazes de contrair satisfatoriamente essa musculatura após apenas uma instrução verbal ou escrita. Deste modo, é importante a utilização de equipamentos de biofeedback para a conscientização e controle seletivo dos músculos do assoalho pélvico6. Esses equipamentos de biofeedback informam a paciente por meio de sinais visuais ou sonoros qual grupo muscular deve ser trabalhado e, portanto, potencializam os efeitos dos exercícios perineais9.

Embora a IU não coloque diretamente a vida das pessoas em risco, é uma condição que pode trazer sérias implicações médicas, sociais, psicológicas, e econômicas, afetando adversamente a qualidade de vida (QV)10. A QV é um conceito multidimensional que incorpora aspectos sociais, físicos e mentais e, portanto, está relacionada com a percepção subjetiva do indivíduo sobre sua condição ou doença e subseqüente tratamento11.

Estudos europeus12, norte-americanos13 e brasileiros10 demonstram importante prejuízo na QV de mulheres com incontinência urinária de urgência, incontinência mista e com IUE, em diferentes faixas etárias. Alguns autores comentam que a incontinência de urgência e a mista causam mais prejuízos do que a IUE, especialmente em mulheres na pós-menopausa, idade em que é freqüente a presença de sintomas irritativos e/ou mistos13. Em um aspecto geral, as mulheres com IU referem limitações em níveis físicos (praticar esporte, carregar objetos), alterações nas atividades sociais, ocupacionais e domésticas, influenciando negativamente o estado emocional e a vida sexual14,15. Além disso, pode provocar desconforto social e higiênico, pelo medo da perda urinária, pelo cheiro de urina, pela necessidade de utilizar protetores (absorventes) e de trocas mais freqüentes de roupas14,15. A presença de sintomas irritativos, como a noctúria, urgência e urge-incontinência, muitas vezes atrapalha o sono e o relacionamento social, levando a quadros de cansaço, depressão e isolamento16.

O interesse em mensurar a QV, em relação aos cuidados de saúde, tem aumentado nos últimos anos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a avaliação da QV, levando em consideração decisões de tratamento, autorização para novos fármacos e políticas de pesquisa. Portanto, como a IU causa grande impacto na QV das pacientes, a sua mensuração é um dos parâmetros úteis para avaliar o resultado do tratamento escolhido e facilita a comparação de estudos realizados em locais diferentes, utilizando tratamentos diferentes, em populações semelhantes11. Além disso, o envolvimento do próprio paciente no seu tratamento e a necessidade de avaliação mais ampla de como e quanto determinada doença ou intervenção do profissional de saúde atinge a QV são fundamentais em qualquer serviço de saúde.

Diante das diversas alterações sociais, pessoais e emocionais das mulheres frente à perda urinária, é relevante avaliar a QV destas mulheres, valorizando assim a opinião do paciente sobre sua própria condição de saúde. Desde 1997, a ICS recomenda que medidas de avaliação da QV sejam incluídas em todas as pesquisas clínicas sobre IU como um complemento aos tradicionais parâmetros clínicos17. Isso se deve ao fato de que muitos métodos, como estudo urodinâmico, teste do absorvente e teste de esforço, são utilizados como parâmetros objetivos na avaliação do tratamento da IU, mas não contemplam o impacto que esta condição causa na QV e no cotidiano destas mulheres17.

Existem na literatura muitos questionários que abordam a QV em mulheres com IU, sendo estes instrumentos genéricos ou específicos e que podem ser utilizados para tratamentos cirúrgicos14,18 ou conservadores9. No Brasil, Fonseca et al.19 recentemente traduziram e validaram um questionário específico, o King's Health Questionnaire (KHQ), que avalia tanto a presença de sintomas de IU, quanto seu impacto relativo. A utilização deste instrumento específico é relevante para avaliar a QV nas pesquisas clínicas brasileiras, pois permite mensurar um dos resultados da intervenção terapêutica em estudo, além de ser um guia da terapêutica e estabelecer um bom diálogo com o paciente. Como atualmente o tratamento conservador faz parte do contexto da reabilitação de mulheres com IUE, a avaliação da QV neste tipo de tratamento também é importante. Recentes publicações têm demonstrado importante melhora da QV de mulheres submetidas ao tratamento conservador e que foram avaliadas com o KHQ8,9,20.

Entretanto, o mesmo ainda não foi utilizado no Brasil, entre mulheres submetidas ao tratamento conservador da IU, especialmente de mulheres no menacme. Diante da relevância do tema para profissionais que tratam as mulheres com IUE, da importância para as pacientes de serem investigadas sobre o impacto da IUE na sua condição de saúde e também pela falta de estudos nacionais, o objetivo deste trabalho foi avaliar a QV de mulheres antes e após tratamento fisioterápico para IUE.

 

Métodos

Este estudo foi desenvolvido no Serviço de Fisioterapia do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP e todas as participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, redigido conforme a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Foi realizado um ensaio clínico não controlado no período de outubro de 2003 a junho de 2004 com 26 mulheres que apresentavam queixa clínica predominantemente de IUE por hipermobilidade do colo vesical. Antes de iniciar o tratamento, todas as mulheres foram submetidas à avaliação ginecológica e estudo urodinâmico para excluir IUE por deficiência esfincteriana intrínseca da uretra, hiperatividade do detrusor e obstrução infra-vesical. Os outros critérios de exclusão foram: ser menopausada, apresentar cistocele maior que grau II e ter sido previamente submetida a tratamento cirúrgico ou conservador para IUE.

Na abordagem inicial, foram coletadas informações sócio-demográficas (idade e cor da pele declarada) e clínicas (índice de massa corpórea e tempo de perda urinária), além de antecedentes obstétricos (paridade, partos vaginais e cesáreos) e ginecológicos (distopias).

Antes de iniciar o tratamento e após o seu término, foi aplicado o KHQ19. O KHQ é composto por 30 perguntas que são arranjadas em nove domínios. Relatam, respectivamente: a percepção da saúde, impacto da incontinência, as limitações nos desempenhos das tarefas, a limitação física, a limitação social, o relacionamento pessoal, as emoções, o sono/energia e as medidas de gravidade. Existe também uma escala de sintomas que é composta pelos seguintes itens: aumento da freqüência urinária, noctúria, urgência, hiperreflexia vesical, IUE, enurese noturna, incontinência no intercurso sexual, infecções urinárias e dor na bexiga. A todas as respostas são atribuídos valores numéricos, somados e avaliados por domínios. As respostas foram baseadas numa escala numérica crescente e proporcional à intensidade da queixa (0=não/não se aplica; 1=um pouco/às vezes; 2=mais ou menos/várias vezes; 3=muito/sempre), exceção feita ao domínio percepção geral de saúde, que tem cinco opções de resposta: muito boa, boa, regular, ruim, muito ruim. O KHQ é pontuado por cada um dos seus domínios, não havendo, portanto, escore geral. Os escores variam de zero a 100, e quanto maior a pontuação obtida, pior é a qualidade de vida relacionada àquele domínio. O questionário foi originalmente padronizado para ser auto-administrado, porém, a aplicação foi feita na forma de entrevista.

O protocolo de tratamento consistia em exercícios para o fortalecimento do assoalho pélvico associados ao biofeedback eletromiográfico Myotrac 3G (Thought Technology, Montreal, Canadá), com o uso de um sensor intravaginal conectado a este equipamento. As mulheres eram encorajadas a realizar contrações fásicas (rápidas) e tônicas (lentas) do assoalho pélvico, totalizando aproximadamente 200 contrações, distribuídas nas posições de decúbito dorsal, na posição sentada e ortostática. Estas contrações podiam ser observadas na tela de um computador, o que fornecia a resposta visual às mulheres. Elas foram submetidas a 12 sessões de tratamento, realizadas duas vezes por semana, durante seis semanas consecutivas. As sessões foram individuais e com duração de 45 minutos.

Os dados foram descritos em freqüências absolutas, porcentagens, médias e desvios-padrões, medianas, mínimos e máximos. Os escores dos domínios da avaliação da QV foram comparados pelo teste de Wilcoxon para amostras pareadas, com nível de significância de 0,05.

 

Resultados

A idade das mulheres variou de 31 a 52 anos, com média de 42,5 anos (DP±5,5), e o índice de massa corpórea variou de 21,2 a 34,7 kg/m2, com média de 27,1 kg/m2 (DP±3,5). O tempo médio da queixa de IUE variou de dois a 10 anos, com média de 5,4 anos (DP±3,7). A maioria das mulheres, 76,9%, era branca. Em relação aos antecedentes obstétricos, apenas uma mulher era nulípara, 14 tiveram entre um e três partos, e 11 tiveram quatro ou mais partos. Quanto à via de parto, 19 mulheres tiveram no mínimo um parto vaginal e sete tiveram apenas cesárea. Foi observado cistocele grau I em 16 (61,5%) e grau II em duas (7,7%) mulheres da amostra. Das seis mulheres que apresentaram retocele, esta foi de grau I (Tabela 1).

 

 

Em relação à escala de sintomas urinários do KHQ, antes e após o tratamento, foi investigado isoladamente o quanto alguns sintomas afetavam as mulheres. Na Tabela 2 pode ser observado que, antes do tratamento, os sintomas mais comuns e que afetavam "muito" estas mulheres foram o aumento da freqüência urinária em 17 (65,4%), a noctúria e a urgência miccional em 15 (57,7%). A incontinência durante a relação sexual e dor na bexiga foram em menor proporção, afetando apenas oito (30,8%) mulheres. A IU aos esforços foi o sintoma mais relatado e o qual mais as incomodava. A grande maioria, 23 (88,5%) mulheres, referiu ser um problema que afetava "muito" e três mulheres referiram afetar "mais ou menos". Os sintomas menos relatados antes do tratamento foram a urge-incontinência, infecções urinárias freqüentes e dificuldade para urinar. A enurese noturna não foi relatada por nenhuma mulher.

Ao final do tratamento, pôde ser observado que, em relação à alta freqüência urinária, menos de metade da amostra, 12 (46,2%) mulheres, não apresentava mais o sintoma, e daquelas mulheres que ainda o relatavam, apenas uma referiu afetar "muito". Em relação à noctúria e à urgência miccional, 18 (69,2%) mulheres não apresentavam os sintomas. Apenas uma (3,8%) ainda se sentia "muito" incomodada com a noctúria e três (11,5%), com a urgência miccional. Nove (34,6%) mulheres não relataram IUE e daquelas que permaneceram com a queixa, três (11,5%) se sentiam "muito" afetadas, duas (7,6%) referiram que ainda afetava "mais ou menos" e 12 (46,1%), "um pouco". Apenas três (11,5%) se sentiam "muito" afetadas com incontinência durante a relação sexual e uma (3,8%) com dor na bexiga. Os outros sintomas investigados também foram relatados com menor freqüência e em menor intensidade (Tabela 2).

Observou-se uma diminuição significativa das médias e medianas dos escores dos domínios avaliados pelos KHQ, em relação à percepção da saúde (49,0±24,0 versus 26,9±15,7; p=0,0015), impacto da incontinência (78,2±28,2 versus 32,1±30,5; p=0,001), limitações das atividades diárias (75,0±28,2 versus 13,5±22,6; p<0,001), limitações físicas (72,4±29,4 versus 15,4±24,5; p<0,001), limitações sociais (38,3±28,6 versus 6,4±14,5; p<0,001), emoções (59,0±33,8 versus 14,1±24,7; p=0,0001), sono/energia (34,0±23,8 versus 6,4±16,4; p=0,001) e as medidas de gravidade (66,9±19,6 versus 22,3±24,2; p<0,001). O único escore que não apresentou diferença significativa foi o relacionado às relações pessoais (60,5±33,9 versus 41,7±16,7; p=0,0679) (Tabela 3).

 

Discussão

No presente estudo, foi utilizado o KHQ por ser um questionário completo, que avalia tanto o impacto da incontinência nos diferentes aspectos da QV, como os sintomas do trato urinário baixo percebidos pelas pacientes. Assim como neste estudo, que abordou a qualidade de vida após um tratamento fisioterápico, este instrumento tem se mostrado adequado para avaliar o impacto da IU em mulheres submetidas ao tratamento cirúrgico e ao medicamentoso18,21.

Mesmo conhecendo as variações individuais, sabemos que, em maior ou menor proporção, a IU e seus sintomas associados podem repercutir negativamente não só na saúde física, mas em aspectos emocionais e psicológicos22. Além disso, outros fatores, como gênero, idade, condição sócio-econômica e a quantidade de perda urinária, também podem ser responsáveis pelas diferenças do comportamento pessoal frente à IU12.

Em nosso estudo observamos que todas as mulheres relataram aumento da freqüência urinária, noctúria, urgência miccional e perdas aos esforços, exceto a enurese e outros sintomas em pequena proporção como infecções urinárias de repetição e a dificuldade para urinar. Isso é esperado, pois as pacientes selecionadas têm como principal queixa a IUE e não estes outros sintomas, que são menos comuns neste tipo de diagnóstico. Além disso, nossa amostra foi de mulheres no menacme e pesquisas nacionais10 relatam que a queixa de IUE ocorre em média entre mulheres mais jovens, com média de idade de 44,9 anos, enquanto a incontinência urinária mista e a incontinência urinária de urgência predominaram nas mulheres com média de idade maior.

A presença da IUE associada ao aumento da freqüência urinária, à noctúria e à urgência miccional demonstrou prejuízos nos escores dos domínios do KHQ que envolvem as realizações de atividades físicas, domésticas, no relacionamento social, no sono e disposição da maioria das mulheres estudadas, assim como observado na literatura20.

O tratamento conservador e a QV têm sido objeto de estudo, pois esse tratamento apresenta mínimos efeitos colaterais e não impossibilita um tratamento cirúrgico futuro5,22. Assim como os resultados do presente estudo, encontrou-se na literatura uma melhora significativa dos escores do impacto da incontinência, das limitações das atividades diárias e das limitações físicas, após a realização de um protocolo específico de fisioterapia8. Balmforth et al.8, avaliando 97 mulheres com média de idade de 49,5 (±10,6) anos, demonstraram uma associação significativa e positiva da melhora da posição do colo vesical e melhora anatômica e funcional do assoalho pélvico com a melhora da QV avaliada com o KHQ23.

Outro estudo utilizando o KHQ demonstrou, em um "follow-up" de um ano, que a QV se manteve significativamente melhor após o tratamento da IU com diversos recursos fisioterápicos20. Uma vez que as mulheres passam a ter mais controle urinário e se sentem menos preocupadas com eventuais episódios de incontinência, sentem-se menos restritas nas realizações de suas atividades cotidianas, nas atividades ocupacionais e nas atividades físicas, especialmente aquelas no menacme, que têm um estilo de vida mais ativo14. Assim, quando a mulher passa a perder urina em menor quantidade, ela fica menos preocupada em relação à ingestão líquida, utiliza menos proteção, preocupa-se menos em cheirar urina ou ficar molhada e conseqüentemente melhora sua condição clínica20. Isso pode ser suportado pelo nosso estudo, pois, após o tratamento proposto, a maioria das mulheres referiu que a freqüência urinária e a IUE não afetava ou afetava muito pouco sua vida. Complementando estes dados, o escore que avalia as medidas de severidade também diminuiu significativamente, demonstrando que menos episódios de perda urinária permitem uma necessidade menor de uso de absorventes e de troca de roupa íntima, assim como em outros estudos9,20.

O impacto que a incontinência causa na vida social provoca restrições quanto a freqüentar lugares públicos, viajar, dormir fora de casa e até fazer visitas aos amigos10. Isto está relacionado ao fato de as mulheres evitarem sair de casa, pois além de ficarem envergonhadas e com medo de cheirarem a urina, não sabem se encontrarão um local adequado para realizar suas micções e sua higiene pessoal, no caso de noctúria, urgência miccional ou até de urge-incontinência12,15. Assim como em nossos resultados, outros estudos observaram, após o tratamento fisioterápico, uma melhora significativa dos escores das limitações sociais8,20, emoções8,9,20, sono e disposição8,9.

Pode-se acrescentar ainda que, após o tratamento, os sintomas irritativos como aumento da freqüência urinária, noctúria e urgência também incomodavam menos ou então não estavam presentes, o que também é esperado com a realização dos exercícios do assoalho pélvico associados ao biofeedback. Em um estudo randomizado de 12 semanas com biofeedback, eletroestimulação e cinesioterapia para hiperatividade do detrusor, foi observada com o KHQ uma melhora destes sintomas e dos domínios de limitações físicas, limitações sociais e também nas relações pessoais de mulheres com idade variada9.

Todavia, não foi observada diferença significativa no escore do domínio relacionado às relações pessoais. Como este item envolve aspectos da vida familiar e sexual, provavelmente não houve mudanças pelo fato de muitas mulheres não comentarem com a família o problema da perda urinária e/ou pela intensidade da perda urinária não afetar a vida com o parceiro ou ainda por algumas mulheres não terem vida sexual ativa durante o tratamento. Isso pode ser observado na escala de sintomas urinários, em que a perda urinária durante a relação sexual incomodava apenas nove das 26 mulheres avaliadas. Nossos dados divergem um pouco da literatura, que retrata que a vida sexual e o relacionamento com o parceiro podem estar bastante comprometidos pelo impacto que a perda urinária pode causar neste aspecto, conforme demonstrado pela avaliação com o KHQ23. Entretanto, mesmo sendo uma condição comum entre as mulheres, ainda é um assunto que causa constrangimento e pouco mais da metade destas mulheres que têm algum tipo de IU e, em especial a IUE, revelam o problema e procuram tratamento16.

Mesmo observando uma diferença significativa na maioria dos escores avaliados, exceto nas relações pessoais, é importante ressaltar que o impacto destes sintomas na vida de cada uma está intimamente ligado à percepção individual que estas mulheres têm frente à severidade, tipo e quantidade da perda urinária. Além disso, está relacionada ao contexto cultural de cada indivíduo12,14,24. Adicionalmente, é importante destacar algumas limitações do estudo que podem interferir nos resultados, como uma amostra pequena e avaliação da QV em forma de entrevista. Contudo, embora nossa amostra seja de mulheres apenas no menacme, nossos dados estão consoantes com a literatura, que demonstram prejuízo na QV em mulheres de meia idade (50-59 anos)25 e melhora da QV após tratamento fisioterápico naquelas com média de idade de 47 (23-77)20 e 49,5 (±10,6) anos8.

Pelo grande impacto da incontinência na vida das pacientes, o profissional de saúde deve estar comprometido em avaliar a QV na prática clínica diária, pois ela será cada vez mais um parâmetro fundamental para guiar, direcionar e justificar quais intervenções deverão ser realizadas em consultas individuais e principalmente pelo sistema de saúde. Assim, o profissional deve estar atento em melhorar a auto-estima, as relações pessoais, físicas e sociais, orientando e intervindo no restabelecimento da sua paciente.

Concluímos que o presente estudo permitiu demonstrar que a QV de mulheres com IUE tratadas com fisioterapia pode melhorar em diversos aspectos, quando avaliada com um instrumento específico, como o KHQ.

 

REFERÊNCIAS

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 AUTORES:

Mariana Tirolli RettI; José Antonio SimõesII; Viviane HerrmannIII; Maria Salete Costa GurgelIII; Sirlei Siani MoraisIV

IFisioterapeuta, Doutoranda pelo Departamento de Tocoginecologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas – FCM/UNICAMP – Supervisora do Estágio Supervisionado II em Ginecologia e Obstetrícia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC Minas – docente da Universidade Estácio de Sá (RJ) e da Faculdade Pitágoras – Belo Horizonte (MG), Brasil
IIProfessor Livre-docente do Departamento de Tocoginecologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas – FCM/UNICAMP – Campinas (SP), Brasil
IIIProfessor Assistente-Doutor do Departamento de Tocoginecologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas – FCM/UNICAMP – Campinas (SP), Brasil
IVEstatística, responsável pelo Serviço de Estatística do Centro da Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM) da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP – Campinas (SP), Brasil

Fratura na costela

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É a mais comum das lesões ósseas da parede torácica, podendo ocorrer isoladamente ou associada a pneumotórax ou hemotórax. Lembramos que as fraturas dos últimos arcos costais podem se associar a lesão de fígado ou baço e a lesão dos primeiros arcos se associa a traumas graves com possíveis lesões vasculares. Uma particularidade do trauma pediátrico é que as crianças apresentam muito menos fraturas costais pela maior elasticidade dos ossos, fazendo com que lesões internas por compressão possam ocorrer sem o aparecimento de fraturas.

Diagnóstico

- Dor e possível crepitação à palpação de ponto localizado (fraturado).

- Radiografia de tórax mostrando solução de continuidade na costela.

Obs. Nem sempre na radiografia simples conseguimos ver a fratura. Ela deve ser avaliada com bastante atenção, procurando-se bem a fratura e, nos casos de dúvida, repetir a radiografia em outras incidências. Lembramos que a porção anterior e cartilaginosa pode apresentar lesão não visível na radiografia.

Conduta

- Na fratura simples, não complicada, indicamos a sedação eficaz da dor com analgésicos. Se insuficiente, faz-se anestesia local no foco de fratura ou nos espaços intercostais adjacentes na porção mais posterior do tórax.

- Medidas como enfaixamento torácico devem ser evitadas, por serem pouco eficientes e por restringirem a mobilização torácica, dificultando a fisioterapia e predispondo a infecções pulmonares.

Varizes durante gestação: como evitar

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486113 bemestar gravida Varizes durante gestação: como evitar

As varizes são veias dilatadas e alteradas que aparecem nas pernas e podem acarretar dores, inchaços e, em quadros mais graves, úlceras na pele. Elas podem surgir em três estágios: pequenas linhas avermelhadas, veias mais grossas de cor azulada ou nódulos grossos que saltam do nível da pele.

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Livro: A grávida e sua indagações

O que ocorre é que as artérias bombeiam o sangue do coração para irrigar as pernas e, essas, por sua vez, possuem veias que têm o trabalho de bombear o sangue de volta ao coração. Nestas veias, há ainda pequenas válvulas que se apertam após a passagem do sangue, não deixando que ele volte aos membros inferiores. Em alguns indivíduos essas válvulas se alargam e aparecem as varizes. As razões mais corriqueiras são sedentarismo, genética e uso de anticoncepcionais.

Nas gestantes, a taxa de aparecimento de varizes é alta. Isso ocorre pois com o desenvolvimento do bebê o útero passa a comprimir as veias na região do abdômen. E mais, os fatores da gravidez, como o aumento do sangue circulando no organismo, aumento da fabricação de progesterona e ganho de peso, fazem com que haja um prolongamento das veias nas pernas, podem originar varizes novas e aumentar as já existentes.

Evite que as varizes cresçam ou apareçam:
  • Pratique atividades físicas de baixo impacto, como natação e caminhadas;
  • Não fique por muito tempo numa mesma posição;
  • Se necessitar ficar em pé durante intervalos longos, tente andar ou abaixar e levantar os calcanhares;
  • Não fume, o cigarro agrava qualquer tipo de incômodo vascular;
  • Sol em excesso faz mal para a pele e agrava as varizes;
  • Evite se aquecer demais, pois, banhos muito quentes abrem os vasos sanguíneos;
  • Descanse as pernas na altura do quadril, sempre que puder.

Além de todas essas dicas, massagens são altamente aconselháveis. A drenagem linfática trata muito bem as pernas, ativa a circulação e aprimora o tecido celular. O mais recomendável para pessoas que já  possuem varizes é procurar a orientação médica. O especialista estudará o caso do paciente e indicará qual é a melhor forma para tratar o incômodo.  Algumas alternativas são operação, laser, e escleroterapia química (terapia que aplica substâncias para secar a veia).

Terapia de Integração Sensorial

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          A criança com disfunção Integrativa Sensorial (DIS) não pode se adaptar eficientemente, suavemente e satisfatoriamente a um ambiente normal, porque seu cérebro não desenvolveu os processos de integrar as sensações daquele ambiente. Ele/a necessita de um ambiente seja altamente estabelecido feito sob medida para o seu sistema nervoso. Caso o ambiente seja estabelecido apropriadamente, a criança será capaz de integrar sensações que nunca havia sido capaz de integrar antes. Dada a oportunidade de agir dessa forma, o cérebro se organizará (Ayres, 1995).

Nos últimos 15 anos, neurocientistas mostraram que a integração com o ambiente realmente melhora a estrutura, a química e a função do cérebro. Os pioneiros neste tipo de pesquisa foram Dr Mark Rosenzweig, citado por Ayres (1995), e seus associados na Universidade da Califórnia em Berkeley.

Nos experimentos de Rosenzweig e seus associados, um grupo de ratos passava algum tempo em ambiente enriquecido, enquanto outro grupo ficava em um ambiente empobrecido, após algum tempo estes ratos eram mortos e seus cérebros dissecados e analisados, em quase todos os casos, eles descobriram que os ratos do ambiente enriquecido possuíam córtices cerebrais mais pesados, maior quantidade dos elementos químicos que mantém o cérebro saudável, maior quantidade dos elementos envolvidos na transmissão de impulsos ao longo das sinapses, e mais interconexões entre os seus neurônios. Um rato não precisava passar o tempo todo num ambiente enriquecido Rosenzweig e seus colaboradores descobriram que duas horas diária em um mês eram suficientes para produzir mudanças significativas no cérebro dos ratos (Ayres, 1995).

A terapia de Integração Sensorial tem o uso de atividades objetivas para as crianças que envolvam a promoção e controle de estímulos sensoriais, atividades estas que vão elicitar respostas adaptativas que integram os estímulos, a promoção e controle de estímulos sensoriais aumenta as oportunidades para receber, filtrar e organizar informações sensoriais, respostas adaptativas melhoram a habilidade para responder apropriadamente às várias demandas do ambiente. Por hipótese, a ênfase esta em aumentar o processamento de informações sensoriais dentro do sistema nervoso. A terapia tem melhores resultados quando a criança quer estímulos (Michel e Babey, 1997).

O princípio central da terapia é fornecer e controlar a entrada de estímulos sensoriais, especialmente o estímulo do sistema vestibular, das articulações, músculos e pele de tal forma que a criança espontaneamente forma as respostas adaptativas que integram todas as sensações.

Fazer esta idéia funcionar com a criança disfuncional requer um terapeuta experimentado e uma ampla sala com muitos equipamentos simples, porém especial. Quando o terapeuta esta fazendo o seu trabalho eficientemente a criança esta organizando o seu sistema nervoso e parece que a criança está simplesmente brincando (Ayres, 1995).

Antes de tratar a criança deve-se diagnosticar o seu problema. Para crianças com idade entre quatro e nove anos, a maioria dos terapeutas usam o "Southern Califórnia Sensory Integration Tests" (SCSIT) para medir a eficiência dos processos sensoriais da criança (Ayres, 1995).

Apresentação da Sala de Integração Sensorial

Ao planejar uma sessão de tratamento, é essencial dar um ambiente seguro. O equipamento pode ser muito móvel, instável e rápido para desafiar os vários sistemas sensitivos da criança. Durante o tratamento, é importante incentivar a criança a ser tão ativa quanto possível. Abaixo segue os objetivos do tratamento e os tipos de equipamentos usados para auxiliar a criança a atingir os objetivos terapêuticos (Long e Cintas, 2001).


Skate: A posição prono estimula certos receptores da gravidade, conforme a criança desce a rampa, a aceleração ativa outros receptores da gravidade bem como os receptores semicirculares de canais, conforme os desafios aumentam, as rajadas de estímulo vestibular abrem caminhos para muitas partes do seu sistema nervoso. O estímulo forte ativa reflexos ainda não desenvolvidos no passado, estes reflexos seguram cabeça e pernas para cima contra a força da gravidade. A contração dos músculos do pescoço e o movimento dos olhos conforme eles acompanham o que está acontecendo enviam impulsos proprioceptivos, onde eles interagem com o estímulo vestibular (Ayres,1995).


Cama elástica: Pode ser de variados tamanhos, deve ter uma distância segura do chão e ser acolchoada nas extremidades. Principalmente estimula o sistema vestibular e proprioceptivo. Provoca estímulos sensoriais em todas as articulações, pele e músculos da criança, o que vai gerar respostas motoras. Conforme as crianças gradualmente vai dominando estas sensações e respostas, o seu cérebro aprende a modular a atividade sensorial e forma uma percepção corporal mais precisa (Ayres, 1995).

 

Piscina de bolinha: É um tanque de tamanhos variável, cheio de bolinhas plásticas coloridas. Estimula os sistemas proprioceptivo, tátil e visual. A estimulação tátil pode ter tanto um efeito facilitatório quanto inibitório, dependendo de qual parte do corpo são estimuladas. Não só em relação à estimulação das bolinhas na pele da criança, mas também a estimulação de escovar ou esfregar a pele, o que depende se a estimulação é leve ou profunda. Quase invariavelmente, a resposta da criança ao estímulo sensorial é um bom guia do quão o cérebro dela está integrando as informações. As sensações de pressão profunda freqüentemente ajudam a organizar uma criança tatilmente defensiva, hiperativa ou distraída. Na caso das bolinhas, a cor estimula a visão, o tanque fornece uma sensação de profundidade e o contato das bolinhas na pele são informações que serão processadas e integradas no cérebro (Ayres, 1995).

 

Bolas, rolos, colchões, colchonetes, tapetes e materiais texturizados: É utilizada de várias maneiras, estimula o sistema proprioceptivo, tátil e vestibular, serve de base para outras atividades. Pode ser associado a outros materiais, como cama elástica e no balanço (Ayres, 1995). Dão superfície de movimento para facilitar ajustes posturais e reações de equilíbrio, dependendo da velocidade do movimento, podem ser relaxantes ou estimulantes (Long e Cintas, 2001).


Materiais coloridos e sonoros: Estimulam a visão e o sistema auditivo. Outra forma de estimulação sensorial é através do sentido do olfato. Julia Fox, citado por Ayres (1995), descobriu que crianças cegas podiam identificar objetos em suas mãos mais precisamente após óleo aromatizado ter sido espalhado pelo ar. Um tipo de sensação ajuda o cérebro a processar outros tipos de sensação (Ayres, 1995).


Tábuas de equilíbrio: A tábua de equilíbrio ajuda a desenvolver respostas posturais e de equilíbrio, se a criança não tiver habilidades de direcionar a si mesma em uma atividade, o terapeuta a ajuda até que seu cérebro esteja mais organizado (Ayres, 1995).

Apresentação dos Equipamentos Suspensos 

Os principais são o balanço, a rede, a plataforma, o rolo e o cavalo, cada um tem suas adaptações, como cunha, rolos e bolas. Deitar no balanço e ficar suspenso sobre o solo requer um bom padrão de flexão, este padrão está fortemente arraigado no sistema nervoso. Agarrar-se é o primeiro movimento corporal que uma criança faz, e dessa forma acaba fornecendo o embasamento para o desenvolvimento de funções sensórios-motoras. Agarrar-se em um balanço preenche alguns dos passos de desenvolvimento básicos e torna mais fácil para a criança desenvolver o planejamento motor (Ayres, 1995).

Balanço: A criança fica sentada no balanço, conforme a criança segura, ela recebe muita estimulação tátil do revestimento do material, muitos estímulos proprioceptivos dos músculos que estão se contraindo para segura-lá no balanço e estímulos das articulações e uma grande quantidade de sensações vestibulares oriunda do movimento do balaço. A excitação, que age através do sistema límbico e do sistema de ativação reticular ajuda a criança a se segurar mais forte no balanço, conforme vai mais alto. O balanço, assim como os outros aparelhos, ajuda a desenvolver respostas posturais e de equilíbrio, incentiva a flexão antigravidade ou o equilíbrio postural na oposição sentada (Ayres, 1995).


Plataforma: Segundo Ayres (1995) e Long e Cintas (2001) é uma superfície larga, plana e quadrada. O terapeuta vai possuir uma superfície grande e móvel para desafiar as reações de equilíbrio da criança, que pode ficar sentada ou deitada, em prono ou decúbito dorsal. A plataforma promove uma segurança gravitacional e fornece experiências de movimentos. Para a criança que pode sentar relativamente bem o balançar em várias direções vai ativar tantos receptores vestibulares possíveis. Se a criança não senta, fica deitada e desenvolve reações posturais ou de equilíbrio.

Rolo e cavalo: O cavalo e o rolo ajudam a desenvolver respostas posturais e de equilíbrio. A criança pode deitar em prono ou sentar, se não tiver a habilidade de direcionar a atividade o terapeuta ajuda. O movimento cria uma demanda por reações de equilíbrio, enquanto ao mesmo tempo o estímulo vestibular torna fácil para a criança desenvolver estas reações (Ayres, 1995).

Rede: A rede é feita de nylon com uma trama larga, de modo que a criança mesmo balançando visualiza o ambiente externo. A estimulação vestibular pode ser efetuada de varias maneiras: deitada em prono, supino, de lado ou sentada (Carvalho, 2002).
Segundo Long e Cintas (2001), a rede é um suporte que envolve a criança, promove segurança gravitacional, pode deitar em prono, decúbito dorsal e sentar. Fornece experiência de movimento, que pode ser usado para aumentar gradualmente a tolerância ao movimento.
Disco de flexão: Balanço com disco chato e poste central em ângulos retos entre si. Promove flexão antigravidade ou o equilíbrio postural na posição sentada, segurar o poste central desenvolve os músculos de flexão (Long e Cintas 2001).


DISCUSSÃO

Segundo Dejean (1999) se a entrada sensorial não for processada e não for organizada, o resultado motor é anormal, "output". Este ciclo continua com mais entradas sensoriais erradas, o que gera uma saída desorganizada. As conseqüências desse sistema nervoso central desorganizado são as disfunções de Integração Sensorial.

Experimentos com animais mostraram que um ambiente enriquecido ajuda o cérebro a se recuperar de dano nos neurônios e a desenvolver funcionalmente saudável. Precisam-se ser recuperados, os neurônios danificados devem ser usados, tal como no desenvolvimento normal, o desenvolvimento depende do uso. Se o sistema visual estiver danificado, estimulação visual é necessária para a recuperação da visão, se o dano estiver nas partes do cérebro que processa o som, o cérebro necessita de experiências de audição para organizar novas funções auditivas. Entretanto, ao mesmo tempo, experiências vestibulares e táteis têm um efeito benéfico através de todo o sistema nervoso (Ayres, 1995).


Segundo Levitt (2001) muitos, senão todos os quadros musculares e articulares encontrados na Paralisia Cerebral, originam-se na falta de influências coordenadoras do cérebro. Em outras palavras, os mecanismos neurológicos de postura, equilíbrio e movimento estão desorganizados. Portanto, os músculos que são ativados para controlar a postura, o equilíbrio e o movimento tornam-se descoordenados, rígidos e fracos.

A lesão cerebral na Paralisia Cerebral pode ser responsável também por distúrbios dos sentidos especiais da visão e audição, anormalidades da fala e linguagem e aberrações de percepção. Distúrbios perceptivos ou agnosias são dificuldades em reconhecer objetos ou símbolos. Também podem haver apraxias, algumas das quais são também denominadas distúrbios visuomotores. Isto significa que a criança é incapaz de realizar certos movimentos, mesmo que não haja paralisia, porque os padrões ou engramas foram perdidos ou não se desenvolveram. A apraxia pode envolver movimentos membros, face, olhos, língua ou estar restrita especificadamente a atos como a escrita, desenho e construção ou mesmo o ato de vestir-se. Em outras palavras, parece haver um problema no planejamento motor das crianças que são apráxicas. Crianças com Paralisia Cerebral também podem ter vários problemas de comportamento, como hipercinesia e facilidade em distrair-se, que tem origem na lesão cerebral orgânica. Todos estes distúrbios resultam em problemas de aprendizagem variados e dificuldades de comunicação. Além disso, pode haver também várias epilepsias ou déficits intelectuais (Levitt, 2001).

Nem toda criança apresenta algumas ou todas estas deficiências associadas. Mesmo que as deficiências fossem apenas físicas, a pobreza de movimentos resultantes impediria a criança de explorar o ambiente completamente. Ela está, portanto, limitada na aquisição de sensações e percepções das coisas cotidianas. Uma criança pode então aparentar distúrbios de percepção, que podem não ser orgânicas, mas causados pela falta de experiência. A mesma falta de experiências cotidianas retarda o desenvolvimento da linguagem e afeta a fala da criança. Sua compreensão geral pode sofrer, isto pode ir longe a ponto de uma inteligência normal ser camuflada por uma deficiência física severa, além disso, a falta de movimento pode afetar o comportamento geral da criança. Assim, alguns comportamentos anormais podem ser decorrentes da falta de experiências sociais e emocionais satisfatórias para as quais o movimento é necessário (Levitt, 2001).

Há uma hipótese de Kreutzberg, citado por Michel e Babey (1997), que diz que o estímulo vestibular estimula o amadurecimento neurosináptico em alguns tractos inibitórios e que os reflexos indesejados são assim inibidos com mais rapidez. Assim, a reação ao movimento vem mais rápido.

Existe uma relação importante entre a informação sensorial advinda dos proprioceptores e os mecanismos de regulação da postura. Esta relação é muita intensa e vem sendo confirmada pelo estudo de diversos pesquisadores, como Bergin e col., citado por Bass (2000), que afirma que é mais que evidente que a propriocepção é o mais importante impulso sensorial para controle da postura em seres humanos. Por outro lado, sabemos que não só o estímulo proprioceptivo que faz a regulação da postura, para Wolfson e col., citado por Bass (2000), o equilíbrio postural usa informações sensoriais na forma de estímulos vestibulares, visuais e proprioceptivos. Estes impulsos são processados por estruturas neurais, que produzem resposta motora organizada que reflexamente restitui o alinhamento postural. Assim, tanto o sistema visual quanto o vestibular, contribuem efetivamente para o controle da postura, principalmente, quando há alguma alteração no sistema proprioceptivo. Porém, para Blouin e col., citado por Bass (2000), a exclusiva informação vestibular não terá utilidade para o propósito de orientação corporal.
Os Drs Roger Walsh da Universidade Stanfort e Robert Cummins da Universidade de Queensland, citado por Ayres (1995), revisaram um grande número de estudos sobre ambientes terapêuticos. Eles descobriram que o fator crítico na recuperação era a interação física ativa com o ambiente sensorial. Quando o indivíduo simplesmente recebia a estimulação sensorial passivamente, o seu cérebro não se recuperava. O cérebro deve direcionar sua própria recuperação através da adaptação à estimulação e fornecimento de mais estímulos para si próprio. Ninguém pode fazer isso por ele. O mesmo se aplica à terapia para crianças com disfunções integrativas sensoriais.


Piaget, citado por Ayres (1995), enfatizou que o estímulo e a resposta eram circulares, em um ambiente onde existem muitos estímulos, o indivíduo responde freqüentemente e de mais diferentes maneiras, e cria uma quantidade e variedade maior de estimulação para si mesmo. Durante a terapia integrativa sensorial, as crianças freqüentemente aprendem acidentalmente habilidades ou comportamentos específicos, mas estes específicos não são o objetivo. Ao invés disso, o que se quer são atividades físicas que produzam sensações que levem a respostas adaptativas, e as quais forneçam mais sensações que provoquem respostas adaptativas ainda mais complexas. Deste modo, o cérebro melhora a sua eficiência geral de funcionamento.
A criança portadora de Paralisia Cerebral por todo o seu comprometimento físico, não recebe toda estimulação que uma criança normal receberia, portanto é uma criança com disfunção da Integração Sensorial, a terapia de Integração Sensorial para essas crianças, segundo Ayres (1995), funcionaria porque o ambiente terapêutico é preparado de forma que é divertido para a criança usar os seus processos sensoriais de uma forma que ela jamais usaria antes, a terapia é uma maneira de fazer o que a natureza, a criança e a sua mãe não foram capazes de fazer.
A Integração Sensorial, segundo Long e Cintas (2001) baseia-se em três princípios básicos: os indivíduos são capazes de receber informações de seus corpos e do ambiente, processar e interpretar essas informações em seu sistema nervoso central e usá-las de forma funcional. Segundo, os indivíduos com problemas de processamento sensorial terão dificuldades em planejar e realizar atos motores. Terceiro, se o individuo com disfunção do processamento sensitivo receber estimulação sensitiva em um contexto significativo, integrará as informações sensitivas e, desta forma, demonstrará habilidades motoras mais eficientes, bem como comportamentos adaptativos. E o equipamento de integração sensorial é usado para engajar a criança ativamente em atividades de estimulação sensorial num contexto significativo e autodirecionado.


A terapia de Integração Sensorial possui vários equipamentos, mas neste trabalho a ênfase foi dada aos materiais suspensos, pela falta de pesquisa que envolve o assunto. Em geral, os equipamentos suspensos, segundo Ayres (1995), Long e Cintas (2001) são utilizados para a estimulação vestibular, o que ajuda a unificar os outros sistemas sensoriais. A escolha do material utilizado depende da criança e da quantidade de estímulos que ela necessita, é a criança que vai mostrar a sua evolução para os equipamentos mais instáveis.

Segundo Carvalho (2002), os estímulos vestibulares são usados para desafiar as respostas de estabilidade e de equilíbrio, e para facilitar o tono. A estimulação dos vários receptores vestibulares é obtida por movimentos rotatórios e lineares, especialmente os que incluem aceleração e desaceleração, e por posições diferentes da cabeça. São esses os movimentos conseguidos com os equipamentos suspensos.

Segundo Carvalho (2002), Long e Cintas (2001), a aceleração e desaceleração podem ser obtidas balançando o paciente em um balanço ou rede. A plataforma é usada para gerar respostas de equilíbrio, o rolo e cavalo promovem o planejamento motor e segurança gravitacional. E o disco de flexão promove ajustes tônicos.


Os principais equipamentos suspensos mostrados neste trabalham foram: balanço, plataforma, cavalo, rede e disco de flexão. Onde foram mostrados diferentes materiais, adaptações e várias maneiras de disposições dos equipamentos nas salas, dependendo da necessidade do paciente e do objetivo do terapeuta. Os equipamentos podem ser feitos por materiais diversos (como tecido, plástico, couro, madeira, pneu etc) e por fixações em ganchos no teto ou em estruturas de madeira e ferro que possam sustentar todo o equipamento. Existem empresas especializadas na fabricação desses equipamentos.

 
A teoria de A. Jean Ayres é imensamente complexa, mas ela vem sendo moldada pelas pesquisas atuais e desse modo se modificando e desenvolvendo. Apesar disso, existem críticas. Segundo Gotlieb e Sieben, citado por Umphred (1994), o modelo teórico é inconclusivo, pois as pesquisas não tem mostrado porque a Integração Sensorial funciona. Embora existam críticas, segundo Umphred (1994), é claramente muito difícil substanciar porque a Integração Sensorial é efetiva através dos instrumentos e metodologias de pesquisa atualmente disponíveis, pois estes aspectos são altamente teóricos e difíceis de observar.

Exacerbação aguda da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)

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DPOC é a doença caracterizada pela presença de obstrução crônica ao fluxo aéreo, devido a bronquite crônica ou enfisema pulmonar.

A obstrução geralmente é progressiva, pode estar acompanhada de hiper-reatividade e pode ocorrer reversão parcial da obstrução.

Bronquite crônica é definida clinicamente: situação caracterizada pela presença de tosse crônica produtiva, escarro mucóide ou mucopurulento, na maioria dos dias de três meses sucessivos e por dois anos consecutivos, afastando-se outras etiologias.

Enfisema pulmonar é definido através do critério patológico: é o aumento anormal e permanente das vias aéreas distais ao bronquíolo terminal, com destruição de suas paredes sem fibrose evidente.

Destruição é caracterizada pela perda da uniformidade no padrão do aumento das vias aéreas; a geração de aparecimento do ácino e seus componentes está alterada e pode estar ausente.

A partir de último consenso da ATS (American Toracic Society), 1995, a asma não é mais considerada etiologia da DPOC.

As principais doenças que podem evoluir para a DPOC, isto é, o enfisema pulmonar e a bronquite crônica; podem em alguns casos não cursar com DPOC.

A DPOC pode apresentar-se com as características de apenas uma das doenças acima referidas, isto é, isoladas, ou associadas, bronquite crônica - enfisema pulmonar, que é o padrão mais frequente e em graus variáveis.

Existe em outro grupo de pacientes portadores de DPOC com feição de asma e nos quais a obstrução não é reversível totalmente, a resposta crônica ao tabagismo os classifica como portadores de bronquite asmática ou forma asmática da DPOC. Esses asmáticos podem, ainda, associar-se ao enfisema pulmonar ou apresentar associação das três doenças: asma, bronquite crônica, enfisema pulmonar. É impossível distingui-los dos pacientes com bronquite crônica ou enfisema pulmonar com hiper-reatividade ou obstrução parcialmente reversível e, assim, são classificados como portadores de DPOC.

Definição

A definição de exacerbação aguda de DPOC - é difícil, a fisiopatologia é pouco conhecida, podendo ocasionar deterioração da função ventilatória, insuficiência respiratória com piora do quadro prévio de hipoxemia e ou hipercapnia preexistentes ou aparecimento desse último como evento atual. A fadiga da musculatura respiratória leva a quadro grave de acidose respiratória, necessitando, então, de respiração artificial.

Classicamente a exacerbação aguda da DPOC se manifesta por aumento da expectoração, da sua cor e viscosidade e acentuação da dispnéia. Podem estar ou não associadas manifestações sistêmicas, como febre, inapetência, neutrofilia, e sintomas neurológicos, cefaléia, alterações da consciência etc.

Nos Estados Unidos a agudização da DPOC, é a maior causa de internação para hospitalização; no entanto os critérios para esse procedimento tem recebido pouca atenção.

Os critérios para internação têm se baseado na interpretação subjetiva de dados clínicos como: grau de dispnéia, frequência respiratória, resposta ruim ao tratamento no PS, grau de cor pulmonale e presença de complicações (pneumonia, bronquite severa ou outros fatores de comorbidade).

Essa situação não é ideal, pois 28% dos pacientes encaminhados ao domicílio retornam em duas semanas e 17% dos que receberam alta do PS têm recidiva e requerem hospitalização.

Tratamento domiciliar mais vigoroso, procedimentos cirúrgicos ambulatoriais não têm recebido a devida atenção nos pacientes com DPOC.

Alguns estudos indicam como critérios para hospitalizar alterações gasométricas importantes e os dados espirométricos têm revelado correlação baixa como sucesso ou alta do PS.

A falta de estudos bem conduzidos na agudização da DPOC não permite analisar subgrupos de doentes para se estabelecer se há ou não diferenças nos critérios para hospitalização de bronquite crônica ou enfisema pulmonar.

Os estudos atuais têm mostrado que o período ideal de permanência hospitalar para se otimizar a recuperação do paciente é de seis dias e a prevenção de uma internação prolongada pode ser evitada pela participação de uma equipe multidisciplinar.

Etiologia da exacerbação aguda:

1. Infecção bacteriana e viral;

2. Broncoespasmo;

3. Insuficiência ventricular esquerda;

4. Arritmias;

5. Pneumotórax;

6. Sedação abusiva;

7. Ingestão excessiva de hidratos de carbono;

8. Doença não respiratória (infecção, neoplasia) levando a debilidade e fraqueza;

9. Aspiração por refluxo gastroesofágico;

10. Uso indiscriminado de oxigênio;

11. Distúrbio hidroeletrolítico;

12. Tromboembolismo pulmonar;

13. Insuficiência coronariana;

14. Beta-bloqueadores;

15. Irritantes ambientais - tabagismo.

Dessas causas a mais frequente é a infecção bacteriana e/ou viral do trato respiratório.

Como já foi dito, os pacientes relatam piora da falta de ar, aumento da expectoração, alteração da cor e viscosidade.

Sintomas gerais podem estar presentes. As bactérias mais frequentes são: Haemophilus influenzae; Moraxella catarrhalis, muitas das quais resistentes as aminopenicilinas pela produção de beta-lactamase. O Streptococcus pneumoniae é a outra bactéria encontrada no escarro dos pacientes com DPOC; tem-se observado aumento da resistência desse germe às penicilinas e macrolídeos.

No caso de suspeita do tromboembolismo pulmonar o diagnóstico pode ser muito difícil pelo quadro clínico que se superpõe ao da DPOC ou é pouco expressivo, são pacientes com multiplicidade de comorbidades e a cintilografia de ventilação e perfusão podem trazer dilemas de interpretação, pois alterações desse exame também ocorrem na DPOC. O mesmo pode ocorrer com a angiografia pulmonar. A angio CT da circulação pulmonar com técnica hilicoidal é atualmente recurso valioso.

Sedação abusiva por opiáceos e barbitúricos pode deteriorar a ventilação pulmonar dos portadores de DPOC, agravando, portanto, as trocas gasosas; acresce o fato de que esses pacientes, na maioria idosos, apresentam insônia, agitação, cefaléia, que podem traduzir a importante alteração das troca gasosas e para os quais o médico deve concentrar a sua atenção.

O uso indiscriminado de oxigênio, em altos fluxos, sem o tratamento multidisciplinar, pode em portadores de DPOC grave, isto é, PaO2 £ 40mmHg e PaCO2 ³ 60 mmHg, abolir o estímulo ventilatório hipoxêmico, uma vez que a hipercapnia próximo aos valores citados deprime o centro respiratório bulbar e nessa situação a hipoxemia passa a comandar a ventilação. Deve ser corrigida com cautela, isto é, baixo fluxo de oxigênio (0,5 a 2l/02 min, sob controle clínico e gasométrico periódicos 30/30 min).

Sabe-se que ao redor de 60% dos portadores de DPOC, quando recebem oxigênio, pouca ou nenhuma alteração apresentam em relação a elevação da PaCO2, diminuição do pH ou deterioração da consciência e do reflexo da tosse. Ele se apresenta hígido. O oxigênio pode ser ofertado tranquilamente.

Em aproximadamente 30% dos pacientes, ocorrerá elevação de 20 mmHg nos níveis da PaCO2 e se estabiliza, o pH se mantém em níveis satisfatórios (7,25-7,30) e o paciente permanece colaborativo e lúcido. O oxigênio deve ser mantido em conjunto com as outras medidas e em fluxo baixo.

Finalmente, ao redor de 10% dos casos apresentam após a administração de O2 elevação rápida nos níveis da PaCO2 - 30 mmHg ou mais em 1-2 horas, o pH cai a valor inferior a 7,25 e a consciência também se deteriora rapidamente, podendo chegar ao torpor, coma. Nesse grupo de pacientes está indicada a ventilação mecânica.

A acidose respiratória que esses pacientes desenvolvem pode manifestar-se por sinais clínicos clássicos de hipertensão intracraniana (cefaléia, vômitos com veias engorgitadas, edema de papila) e conhecida como encefalopatia respiratória ou hipercapnia.

Distúrbios hidroeletrolíticos, tais como alcalose metabólica, hipocalemia, admite-se, tem a tendência de tornar o centro respiratório bulbar menos excitável ao gás carbônico e produzir hipoventilação alveolar.

Em pacientes com retenção de gás carbônico se preconiza dieta com teor balanceado de hidratos de carbono, com intuito de diminuir a produção de CO2 pelo metabolismo de açúcares ofertado em excesso.

Insuficiências ventricular esquerda, coronariana e taquiarritmias também agravam o quadro geral pela diminuição do transporte sistêmico de oxigênio, pelo edema pulmonar consequente e que vá agravar a hipoxemia pela DPOC.

Infecção não respiratória também pode piorar o quadro geral do paciente através de seus efeitos sistêmicos e muitas vezes sem exteriorização evidente do órgão acometido, situação essa que pode dificultar o diagnóstico e acarretar aumento na morbimortalidade.

Finalmente, em alguns casos não se consegue diagnosticar, identificar a causa da exacerbação da DPOC, se existe ou não e que se pode tratar da evolução natural da doença, o que muitas vezes pode constituir-se um dilema e consequentemente em relação ao benefício de terapêutica invasiva (ventilação mecânica).

Fisiopatologia

Normalmente ocorre um equilíbrio entre as forças que promovem a entrada de ar nas vias aéreas e as resistências que a elas se opõem. O ingresso do ar é realizado pelos músculos respiratórios, principalmente o diafragma e os intercostais; a expiração normalmente é passiva, opondo-se á saída do ar a resistência nas vias aéreas, a elasticidade do tecido pulmonar e da caixa torácica (complacência total) e a deformidade dos tecidos durante os ciclos respiratórios (deformidades torácicas, paralisias etc.). No caso de processos que acarretam obstrução brônquica tem particular importância a resistência das vias aéreas, uma vez que a complacência pode estar até aumentada (enfisema) ou se alterar de modo não significativo.

A resistência de vias aéreas pode elevar-se de modo reversível ou irreversível; como exemplo da primeira situação temos a asma.

Na DPOC como o quadro é progressivo e irreversível, há necessidade de um constante maior trabalho respiratório muscular em face da hipersuflação pulmonar e da insuficiência ventilatória obstrutiva, resultando em fadiga e exaustão da musculatura respiratória, com o evoluir e nas exacerbações. Na presença de um dos fatores de exacerbação aguda da doença, as alterações ventilatórias e gasométricas crônicas preexistentes se acentuam mais ainda, precipitando insuficiência respiratória grave com hipoxemia, hipercapnia e piora da insuficiência ventilatória.

Por outro lado, as alterações gasométricas (hipoxemia e hipercapnia) ao lado de estímulo respiratório alterado se vão somar à resistência elevada de vias aéreas e fadiga muscular, piorando o quadro geral num paciente já desnutrido.

A resistência aumentada de vias aéreas (broncoespasmo, edema, fibrose, secreção) associada às alterações de destruição alveolar e capilares acarreta alterações da relação ventilação-perfusiva de dois tipos: efeito shunt e shunt, ocasionando hipoxemia, e do tipo efeito espaço morto e esforço, levando a retenção de gás carbônico, que constituem em um grave alteração ao paciente e dificuldade ao médico.

O padrão ventilatório é do tipo obstrutivo, podendo haver aumento do volume residual capacidade pulmonar total e da residual pulmonar.

O espaço morto aumentado acarreta hipoventilação alveolar e consequente aumento do gás carbônico no sangue. A geração do estímulo respiratório nos pacientes com DPOC pode estar normal e até aumentada, como demonstram as medidas da pressão de oclusão das vias aéreas (Po.1)


Avaliação do paciente no PS

1. História

Padrão respiratório basal; escarro e características; duração e progressão dos sintomas; grau de dispnéia; limitação ao exercício; sono e dificuldade para se alimentar; equipamentos respiratórios no domicílio; regime terapêutico domiciliar; sintomas agudos de comorbidades e condições crônicas.

2. Exame físico (evidências de)

Cor pulmonale; broncoespasmo; pneumonia; instabilidade hemodinâmica; alteração da consciência; retração paradoxal do abdome; uso da musculatura acessória; condições de comorbidades agudas.

3. Laboratório

Gasometria arterial; RX de tórax; ECG teofilinemia; oximetria de pulso; monitor cardíaco; eletrólitos, exames adicionais (cintilografia de pulmão, avaliação de trombose venosa em membros inferiores etc.).

Hospitalização

Os critérios para a hospitalização do paciente estabelecidos pelos consensos consideram:

1. Grau da doença respiratória;

2. Progressão dos sintomas;

3. Respostas à terapêutica domiciliar;

4. Existência de comorbidades;

5. Necessidade de intervenções cirúrgicas que possam comprometer a função respiratória;

6. Avaliar a existência ou não de cuidados domiciliares adequados.

A duração da hospitalização quando prolongada carece de estudos para definir o real benefício da mesma; 7% dos pacientes são readmitidos dentro de duas semanas e estudos para se definir o benefício de tratamento domiciliar vigoroso com o intuito de se evitar readmissões hospitalares são necessários.

A intervenção visa:

1. Controle de descompensação aguda;

2. Controle dos fatores de comorbidade;

3. Prevenir readmissões.

Indicações para hospitalização

1. Exacerbação aguda, caracterizada por aumento da dispnéia, tosse ou expectoração, acrescida de uma das seguintes situações:

- Resposta ao tratamento domiciliar inadequada;

- Incapacidade de caminhar no(s) quarto(s);

- Comorbidade de alto risco (pneumonia ou não pulmonar);

- Evolução prolongada da exacerbação;

- Consciência alterada;

- Piora da hipoxemia;

- Hipercapnia recente ou piorada;

- Impossibilidade de tratamento no domicílio.

2. Cor pulmonale recente ou intratável no domicílio.

3. Cirurgia com plano anestésico que pode agravar a função respiratória.

4. Presença de comorbidade (miopatia grave por esteróides, fratura de vértebra com piora da função pulmonar etc.).

Tratamento

O tratamento do paciente ambulatorial descompensado, usualmente, inicia-se no pronto atendimento e deve ser vinculado a:

1. Grau de reversibilidade do broncoespasmo;

2. Terapia prévia em uso quando estável;

3. Uso de drogas recentemente na exacerbação aguda;

4. Capacidade de cooperar no uso de inalações;

5. Presença de contra-indicações ao uso de alguma droga;

6. Complicações específicas relacionadas à exacerbação aguda.

Os objetivos são:

1. Melhorar fluxo aéreo;

2. Melhorar função da musculatura respiratória;

3. Restaurar a resposta ventilatória aos aumentos de carga;

4. Correção das alterações gasométricas e hidroeletrolíticas;

5. Boa nutrição;

6. Drenagem das secreções.

1. Tratamento etiológico

Quando possível diagnosticar a causa etiológica da exacerbação aguda, o tratamento dirigido é muito desejável. Nem sempre a causa etiológica é apurável, mesmo após exaustiva pesquisa, e nessas situações o tratamento além de empírico, é indefinido.

2. Broncodilatores

a) Drogas beta-2-agonista: usualmente são as primeiras na DPOC em exacerbação aguda severa; usar as drogas de curta duração que podem ser repetidas a cada 30-60 minutos (fenoterol, terbutalino, salbutamol).

A meia-vida da droga está diminuída em DPOC e não há consenso sobre as vantagens da droga beta-2 de longa duração. Ela pode ser administrada sob a forma de spray, se possível com espaçador de grande volume ou sob a forma de inalação. Não existe unanimidade em relação as vantagens do seu uso inalada continuamente. A dose varia conforme o resultado e os efeitos colaterais; em média usamos 2 a 6 jatos ou 5 a 10 gotas em 5 ml de solução fisiológica a cada 3 a 6 horas; doses menores muitas vezes são melhor toleradas. A via parenteral não traz benefícios adicionais, é usada em casos com risco de vida e na impossibilidade do paciente conseguir inalar (consciência, dispnéia etc.).

b) Drogas anticolinérgicas: não deve ser a primeira escolha e doses maiores do brometo de ipratrópio podem ser bem tolerados quando a resposta à droga beta-2-agonista for pobre.

Também pode ser administrada, conforme a situação, e condições locais, sob a forma de spray, inalação. O efeito colateral mais importante é a secura de mucosa.

A dose varia de três a seis jatos ou 20 a 40 gotas a cada 4-6 horas. Doses maiores podem ser toleradas.

c) Combinação de drogas: não há uniformidade de resultados no uso conjunto das drogas beta-agonista e anticolinérgica quanto à broncodilatação e melhores resultados, que podem não ser significantes e não superiores ao uso dessas drogas separadamente, em doses recomendáveis e elevadas. O efeito sinérgico pode cessar quando o paciente estabiliza ou quando ocorrem os efeitos colaterais.

d) Aminofilina: a aminofilina é usada quando o uso adequado das drogas acima não trouxer benefícios ou, ainda, se o uso dos beta agonistas e anticolinérgicos não for factível e finalmente nos casos graves é quase sempre cogitada e usada pelos seus efeitos sobre o diafragma.

Determinação prévia da teofilinemia é recomendável para se ajustar a dose e prevenir os seus efeitos colaterais que podem ocorrer mais frequentemente em conjunto ao uso de beta-agonista, em determinadas associações com drogas e em algumas doenças como nas hepatopatias graves, insuficiência cardíaca congestiva, etc.

A dose deve ser ajustada para se obter aminofilinemia de 8-12 mg/ml e alguns pacientes toleram 18-20 mg/ml. A dose inicial, em "bolus" é 3 a 5 mg/kg administrados durante 30 minutos, diluído em 100 ml soro fisiológico, podendo se repetir metade da dose após 30-60 minutos e a seguir manter 0,5 mg/kg/h, em infusão contínua e alterada, conforme resultados, níveis séricos da droga e efeitos colaterais. Quando o paciente estabilizou substituir a via parenteral pela oral, administrando a teofilina de ação lenta às 8 e 20 horas, na dose de 80% daquela administrada por via parenteral. O benefício da droga é incerto e requer cuidados pela sua alta toxicidade.

3. Sedativos

O uso de sedativos em portadores de DPOC exige muita cautela e escolha da droga que não deprime o centro respiratório, pois a tolerância dos efeitos narcóticos e sedativos usualmente ocorrem mais rapidamente que aquela dirigida aos benefícios desejados. Assim os sedativos devem ser prescritos, quando necessário, em doses progressivas e lentamente maiores, evitando-se barbitúricos e opiáceos. Atenção especial deve ter o médico para afastar alterações gasométricas importantes que possam ser as responsáveis pela agitação, alucinações confusões mentais etc. e, portanto em vez de sedar o paciente, tratar os distúrbios da esfera neurológica de modo específico (correção das alterações gasométricas).

Haloperidol é útil para pacientes com confusão mental, agitados; para os dispnéicos os benzodiazepínicos.

4. Mobilização de secreções

Hipersecreção e diminuição do clearence mucociliar são frequentes e tem boa correlação com hospitalização e risco de morte no paciente com insuficiência ventilatória grave.

Viroses e bactérias podem alterar as propriedades viscoelásticas das secreções brônquicas e aumentar a sua produção.

As técnicas utilizadas para melhorar a eliminação das secreções na DPOC agudizada são importadas da fisioterapia realizada na bronquiectasia e na fibrose cística.

Na DPOC agudizada não complicada com bronquiectasia, o papel da fisioterapia é conflitante, incerto. Deve ser realizada a pacientes que apresentam expectoração crônica e com volume diário superior a 30 ml.

As manobras são as seguintes:

a) Métodos físicos

1. Estimular a tosse - continua sendo a manobra mais importante para eliminar as secreções, com algumas orientações úteis ao paciente: a tosse deve ser iniciada a grande volume pulmonar; em pacientes enfisematosos, o aumento da força expiratória pode tornar a tosse mais eficiente; deve realizar tosses repetidas até o volume residual; "huffing" - consiste em realizar inspiração até a metade da capacidade inspiratória, seguida da expiração forçada.

2. Punho-percussão - mão espalmada ou em concha, vibração mecânica ou manual.

3. Drenagem postural - sem valor confirmado na DPOC agudizada; eficaz na fibrose cística e bronquiectasia. Pode acarretar broncoconstrição e consequente aumento da capacidade residual funcional.

4. IPPB - abandonada sem base científica.

5. Aspiração naso-traqueal - desconfortável, traumatizante.

6. Exercício com pressão positiva expiratória (PEP). O paciente expira por dispositivos com orifícios de diâmetro variados gerando pressão de 10-20cm de H2O. Trata-se de técnica extrapolada da fibrose cística.

b) Drogas mucoativas

1) Hidratação oral ou inalatória com salina

É utilizada na suposição de que altere as propriedades viscoelásticas do escarro. Não conclusiva.

2) Compostos tiólicos

Os representantes são S-carboximetilcisteína e N-acetilcisteína. Essa reduz o número de exacerbações, causa bem-estar e os seus efeitos são atribuídos mais à sua ação antioxidante.

3) Derivados de alcalóide

A bromexina quando combinada com antibióticos produz alguma mudança no transporte e produção do escarro.

O ambroxol pode reduzir o número de exacerbações, consumo de antibióticos e dias de incapacidade.

4) Amilorida inalatória

A sua ação principal se dá por aumentar a concentração dos íons sódio e cloro diminuindo a viscosidade.

5-alfa-dornase: faltam estudos para se definir a sua eficácia.

5) Corticóides

São úteis quando o paciente tem componente asmático ou respondem ao beta-agonista. Contudo, os resultados nos vários estudos são conflitantes quanto aos reais benefícios dessa droga nas exacerbações agudas da DPOC.

Estudo controlado realizado por Albert et al, 1980, mostra aumento do VEF1 de 40% em 50% dos pacientes que receberam 0,5 mg/kg de metilprednisolona a cada 6 horas durante 12-72 horas (12/22 pacientes), contra apenas 3/21 no grupo placedo. Não ocorreram diferenças nos gases sanguíneos. Os pacientes receberam as demais medicações rotineiras das exacerbações nos dois grupos.

Estudo efetuado por Emerman, 1989, não mostrou diferenças entre os grupos que receberam 100 mg, metilprednisolona ou placebo, quanto ao VEF1 e taxa de hospitalização.

Estudo recente de Niewoehner et al, 1999, realizado em 271 pacientes com exacerbação aguda de DPOC foi dividido em três grupos: o primeiro recebeu 125 mg de metilprednisolona por via endovenosa 6/6 horas por 72 horas e a seguir prednisona via oral em doses decrescentes até o 57º dia; o segundo grupo recebeu a mesma dose de metilprednisolona, a seguir prednisona via oral até o 15º em dose decrescente e a seguir placebo até 57º dia; o terceiro grupo recebeu placebo EV e a seguir VO até o 57o dia.

Os dois grupos que receberam corticóide apresentaram menos fracasso terapêutico avaliado aos 30 e 90 dias e menor tempo de internação (8,5 dias X 9,7 dias) e VEF1 0,1 l superior ao grupo placebo. Não ocorreram benefícios clínicos aos seis meses e o esquema com corticóide durante oito semanas não foi superior ao de duas semanas. O efeito colateral mais importante foi hiperglicemia. Portanto o benefício máximo ocorre nas duas primeiras semanas e, em relação a evolução clínica o benefício, é moderado e a análise de subgrupo mostra que o benefício se restringe a pacientes com internação prévia.

Outros efeitos colaterais a curto prazo são as infecções e mesmo agudamente o corticóide pode diminuir a densidade mineral da trabeculação óssea. Complicações crônicas graves são: fraturas de corpos vertebrais, catarata, osteoporose, miopatia, necrose asséptica de fêmur etc.

Concluindo, acreditamos que o esquema com corticóide deve restringir-se a pacientes com componente asmático e habitualmente por período não superior a duas a quatro semanas. Todavia duração mais longa do tratamento vai depender da resposta e da necessidade de cada caso, com estreita observação do custo-benefício.

6) Antibióticos

As exacerbações agudas em portadores de DPOC se caracterizam por apresentar piora da dispnéia, aumento da expectoração e mudança da cor. Portadores de DPOC com exacerbação aguda que mais se beneficiaram do uso de antibióticos são aqueles com maior número de exacerbações e a presença de cardiopatia associada.

No trabalho clássico de Anthonisen et al., 1987, foi estudado 173 pacientes portadores de DPOC por 42 meses, e as exacerbações agudas foram tratadas ao acaso com antibióticos (trimetoprim-sulfametoxazol; ou amoxacilina ou doxiciclina) e placebo. Os pacientes foram divididos em três tipos: tipo I, os pacientes referiam aumento da dispnéia, da expectoração e escarro purulento; tipo II, com dois desses sintomas; e o III com um deles associado a alterações gerais (febre, mal-estar etc.). Houve nítida alteração com o uso de antibióticos em relação ao placebo, mais marcante no grupo I. A resolução clínica do processo ocorreu no 21º dia e no 6º dia, o VEF1 havia melhorado.

O estudo de Ball et al, 1995 demonstrou que o melhor marcador de falência do tratamento com antibióticos nas exacerbações agudas em 471 pacientes com DPOC foi a presença de doença cardiopulmonar associada a mais de quatro exacerbações/ano. A falência ao tratamento foi marcada por retorno ao consultório médico, hospitalização e óbito; um terço dos pacientes apresentou no ano anterior ao estudo menos de três exacerbações; outro número igual de pacientes de três a quatro e o último grupo mais de quatro infecções.

Estudo de metanálise feito por Saintset et al, 1995, demonstrou pequeno benefício dos antibióticos em pacientes com DPOC grave e hospitalizados, ocorrendo inclusive queda do pico do fluxo expiratório.

Em 1997 foi publicado o I Consenso Latino Americano sobre Infecções em Bronquite Crônica. Este estudo identificou diversos fatores que podem representar parâmetros de má resposta à terapêutica e elevado índice de hospitalização, e que são:

1. Significante limitação da função respiratória preexistente;

2. Exacerbações frequentes;

3. Comorbidade significante;

4. Exposição à fumaça de lenha;

5. Necessidade de uso frequente de esteróides sistêmicos;

6. Idade avançada;

7. Persistência de tabagismo.

Vários estudos têm demonstrado a relação causal entre a exacerbação aguda da DPOC e a infecção bacteriana. A metanálise de estudos controlados por placebo concluiu que o emprego de antibióticos é benéfico nas exacerbações agudas da bronquite crônica.

A bactéria mais frequente no escarro das exacerbações agudas é o Haemophilus influenzae, seguindo o Streptococcus pneumoniae e a Moraxella catarrhalis.

Um agente antimicrobiano eficaz deveria ser ativo contra mais de 90% para essas três cepas.

Na América Latina a resistência do Haemophilus influenzae, mediada por beta-lactamase, assim como a do Streptococcus pneumoniae, mediada por alterações de proteínas, situam-se entre 10% e 20%, podendo chegar a 40% em algumas regiões. A resistência das Moraxella mediada por beta-lactamase também é alta (80%-90%) e assim o uso dos beta-lactâmicos, penicilina e macrolídeos vêm limitando o uso dessas drogas, fenômeno que acaba por fazer necessário o estabelecimento de recomendações relativas ao uso de alternativas como as fluorquinolomas ou macrolídeos, como a azitromicina ou claritromicina.

Com base nos fatores de risco anteriormente citados, o Consenso Latino Americano estabeleceu, através estratificação grupos de pacientes, as melhores opções terapêuticas com propriedades farmacocinéticas e antibacterianas os quais podem prevenir as recidivas precoces e tardias das exacerbações frequentes.

O Consenso Latino Americano sobre Infecções em Bronquites Crônicas estabeleceu que para os pacientes do grupo II o antibiótico de escolha é a amoxicilina e para os mais graves do grupo III, o grupo das fluorquinolonas.

A amoxicilina é administrada na dose de 500 mg vo 8/8 horas durante 7 a 14 dias.

Dentre as fluorquinolonas a ciprofloxacina é administrada na dose de 500 mg VO a cada 12 horas e sob a forma parenteral 200 mg EV a cada 12 horas.

A levofloxacina, uma fluorquinolona recente tem a vantagem de ser utilizada em dose diária única (500 mg) por via oral, durante 7-14 dias, sendo bem tolerada. Sob a forma parenteral ela é apresentada sob a forma solução concentrada para infusão-endovenosa: frasco ampola contendo 20 ml de solução concentrada (25 mg/ml) equivalente a dose total de 500 mg ou sob a forma de solução pronta para uso acondicionada em bolsas contendo 250 mg ou 500 mg de levofloxacina. O índice de cura é superior a superior à 90% e a sua biodisponibilidade de 95%.

Chodosh, 1991, e Ball, 1995, realizaram análise comparando estudos clínicos com antibióticos utilizados em exacerbações agudas de DPOC atribuindo-lhes pesos de 1 a 4, sendo os melhores resultados com peso 1 e piores com peso 4 (amoxacilina, amoxacilina-clavulanato, ciprofloxacina, claritromicina e cotrimoxazol). O único antimicrobiano que obteve peso 1 em todos os quesitos (resposta durante o tratamento, recaídas precoces, períodos livres de infecção e probabilidade de sensibilidade) foi a ciprofloxacina).

O antibiótico administrado a portado de exacerbação aguda de DPOC será considerado eficaz quando: promover melhora clínica e diminuir incidência de recaídas, prolongar o intervalo livre de infecção, erradicar o patógeno.

Segundo Cole, estabelece-se um ciclo vicioso entre o hospedeiro e a colonização bacteriana na presença de sério prejuízo nos mecanismos de defesa das vias aéreas. A não erradicação da bactéria seria a responsável pelas recidivas.

7. Oxigenioterapia

Tem por finalidade manter a oxigenação tissular adequada, incluindo transporte de oxigênio, hemoglobina, débito cardíaco e distribuição da perfussão tissular. A oxigenioterapia está indicada quando a PaO2 < 55 mmHg e saturação da hemoglobina < a 88%. Na presença de cor pulmonale e poliglobulia ela pode ser indicada quando PaO2 está ao redor de 55-59 mmHg.

Em pacientes retentores de CO2 (PaCO2 > 60 mmHg) e com hipoxemia severa (PaO2 < 40 mmHg) existe o risco de se agravar a retenção do CO2 quando o oxigênio for administrado generosamente. Nessa situação se administra fluxo baixo de oxigênio com controle dos gases sanguíneos após 30 minutos.

Métodos para administração do O2

1) Cateter nasal ou "Prong" nasal

A oferta de O2 varia com a geometria nasal, respiração bucal, frequência respiratória, volume corrente, fluxo de O2 e padrão respiratório.

A fração de O2 no ar inspirado (FiO2) é dada pela seguinte equação:

FiO2 = 20% + (4x fluxo de O2)

2) Máscara nasal

É utilizada quando o paciente apresenta respiração bucal, com fluxo alto de O2 lava o CO2, pode causar irritação nasal e epistaxe. Fornece FiO2 de 30% a 35%.

3) Máscara Venturi

Permite oferecer fluxo de O2 fixo (24% - 28% - 31% - 35% e 40%).

4) Ventilação mecânica

Não há guia prático, objetivo, ela visa durante certo período de tempo fornecerão paciente oxigenação adequada e suporte ventilatório para superar a exacerbação aguda, em conjunto com as medidas anteriores. É indicada quando ocorrer:

1. Piora progressiva da acidose respiratória ou alteração da consciência. Nessa circunstância o paciente apresenta sonolência, torpor, coma; a tosse é débil e ineficaz, aparece a respiração paradoxal e o pH< 7, 25;

2. Hipoxemia significante, a despeito das medidas realizadas;

3. Fadiga muscular.

Objetivos da ventilação mecânica

1. Adequação das trocas gasosas (corrigir a hipoxemia e manter ventilação alveolar para correção da hipercapnia).

2. Diminuição do trabalho respiratório (prevenção ou tratamento da fadiga muscular).

3. Manutenção dos volumes pulmonares (correção ou prevenção do colapso pulmonar).

4. Diminuição da dispnéia (conforto).

A ventilação mecânica na DPOC com exacerbação aguda pode ser do tipo invasivo (intubação orotraqueal, traqueostomia e) não invasiva (VNI), em que não é empregado nenhum tipo de prótese traqueal. Na invasiva especial atenção deve estar voltada para a presença de PEEP intrínseco que esses pacientes podem apresentar; a instalação da ventilação mecânica exige que, caso haja necessidade a PEEP do ventilador não ultrapasse 85% do PEEP intrínseco. A regulagem do ventilador mecânico em portador de DPOC com exacerbação aguda obedece a critérios particulares para a situação, a fim de se otimizar os resultados e proteger o paciente.

Atualmente, tem se dado preferência à ventilação precoce não invasiva. A clássica CPAP é realizada com pressão constante positiva nas vias aéreas; as modalidades BIPAP e DIPAP, isto é, respectivamente pressão diferencial fixa na ins e expiração e no outro método pressões dinâmicas variáveis nas duas fases da respiração. Essas técnicas têm a vantagem importante de reduzir drasticamente a necessidade de ientubação orotraqueal, a mortalidade dos pacientes que foram submetidos a VNI foi menor e pode ser utilizada no processo de desmame em pacientes com extubação acidental ou com certo grau de insuficiência respiratória. Em pacientes com secreção excessiva, instabilidade hemodinâmica, alterações da consciência e inabilidade do paciente cooperar etc. o seu uso está contra-indicado.

Indicações para a internação de pacientes com exacerbação aguda de DPOC em UTI:

1. Dispnéia acentuada refratária ao tratamento;

2. Alterações da consciência (letargia, confusão, coma);

3. Hipoxemia não corrigida com oxigenioterapia;

4. Piora da acidose- pH < 7,25;

5. Fadiga muscular (respiração paradoxal);

6. Necessidade de ventilação mecânica.

Critério de alta hospitalar

1. Necessidade de beta-agonista a intervalos iguais ou maiores que quatro horas.

2. Capacidade de caminhar no quarto.

3. Habilidade de se alimentar e dormir sem despertar frequente por dispnéia.

4. Se presente, doença hiper-reativa sob controle.

5. Estabilidade clínica sem medicação parenteral por 12-24 horas.

6. Paciente consciente sobre o uso correto da medicação no domicílio.

7. Seguimento após a alta programado e aparelhos no domicílio instalados.

8. Evolução estável por 12-24 horas.

9. Segurança do paciente, familiares e médico que o paciente pode controlar-se com sucesso.

O prognóstico e fatores de risco para DPOC grave e consequente exacerbações agudas mais frequentes são: idade da cessação do tabagismo; exposição a poluentes e irritantes; idade avançada, taxa de declínio do VEF1, hipercapnia, hipertensão pulmonar, taquicardia, perda de peso, arritmias cardíacas, grau de reversibilidade da obstrução brônquica.

A mortalidade nas exacerbações agudas da DPOC apresentava porcentagens elevadas no valor de 25%-50%, que diminuiu em face dos progressos científicos de uma equipe multiprofissional necessária e imperativa para esses pacientes (médico, enfermeira, fisioterapeuta, nutricionista, psicóloga etc.) e dos familiares.



Bibliografia
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12. Jardim, J.R.; Gastaldi, A.C.; Peres, D.; Oliveira, J.C. Produção e Transporte de Muco e Drogas Mucolíticas. In: Pneumologia Atualização e Reciclagem. Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia. Vol. III Atheneu. São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte. pp.10-19, 1999.

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Autor: Miguel Bogossian

Fonte

Video: entrevista sobre incotinência urinária

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Conexão Saúde com o Professor Dr. Mauricio Hachul, tema incontinência urinária. Falando sobre atuação da medicina, tratamento, tipos de incontinência. Muito legal!

Artigo: Avaliação das perdas sensório-motoras do pé e tornozelo decorrentes da neuropatia diabética

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A diabetes mellitus pode ser considerada como um problema de saúde universal, afetando populações de países em todos os estágios de desenvolvimento. Conforme dados da OMS, o Brasil, com cerca de 10 milhões de diabéticos, é o 6º país do mundo em número de pessoas com diabetes1. Em São Paulo, encontrou-se o maior índice entre as capitais brasileiras: 10 casos a cada 100.000 habitantes2.

A diabetes mellitus leva a diversas complicações crônicas que contribuem para o aumento da morbidade e mortalidade dos pacientes. Entre elas, estão as complicações vasculares causadoras de retinopatia e nefropatia, hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia e neuropatias. Estas atingem o sistema nervoso periférico, sendo que a principal forma é a polineuropatia diabética simétrica distal, equivalendo a cerca de 75% de todas as neuropatias destes diagnósticos3. A neuropatia diabética pode levar a transtornos tróficos da pele e da estrutura osteoarticular do pé, levando ao chamado pé diabético. Pacientes diabéticos que apresentam insensibilidade, fraqueza muscular e diminuição de amplitude de movimento têm maior risco para o desenvolvimento de ulcerações nos pés4.

Os movimentos mais afetados são a flexão, inversão e eversão de tornozelo e movimentos da primeira articulação metatarsofalangeana5. Esses movimentos, quando limitados, diminuem a habilidade do complexo do pé de absorver o choque e as rotações transversais durante a marcha, contribuindo para a patogênese da ulceração plantar no pé insensível6. Ocorre o aparecimento de deformidades como dedos em martelo e em garra, deslocamento de coxins gordurosos sob as cabeças dos metatarsos, aumentando as pressões plantares nessas regiões, predispondo a ulcerações, infecções e necrose7.

A atrofia muscular observada nos pacientes com neuropatia diabética, especialmente nos músculos intrínsecos do pé, pode causar deformidades, diminuição da amplitude de movimento de pé e tornozelo, também contribuindo para o aumento de pressões plantares4. A ulceração é a complicação mais comum do pé diabético e é responsável por mais de 90% dos casos de osteomielite8.

Sacco et al.9 elaboraram um protocolo simples e de fácil aplicação que avaliava as perdas sensitivas, de amplitude de movimento, de função muscular e da funcionalidade de membros inferiores nos diabéticos neuropatas e observaram que esses pacientes apresentaram perdas significativas em relação a esses aspectos. Porém, não houve comparação com um grupo controle, não se sabendo, portanto, se essas alterações são exclusivas da neuropatia ou se são decorrentes de outros fatores como o envelhecimento, obesidade ou inatividade física.

Considerando que as complicações sensório-motoras trazem grande morbidade para esses pacientes, torna-se necessário que se identifiquem fatores de risco predisponentes a fim de que sejam evitados. Dessa forma, o objetivo deste estudo é avaliar e comparar modalidades de sensibilidade somatossensorial plantar, amplitude articular e função musculoesquelética de tornozelo e pé de diabéticos neuropatas e de indivíduos não diabéticos assintomáticos, para que se possa verificar se as prováveis perdas são decorrentes exclusivamente da neuropatia diabética.

 

MATERIAL E MÉTODOS

Casuística

A amostra experimental foi constituída por um grupo de 49 diabéticos neuropatas diagnosticados clinicamente (GD) tipo 1 ou 2, pontuação na entrevista inicial10 de, no mínimo, 2 pontos, voluntários, e por um grupo controle (GC) composto de 22 adultos não diabéticos.

Para a formação do grupo GD, foram entrevistados 198 diabéticos neuropatas por meio de um questionário10 validado que avalia a gravidade da neuropatia diabética. Esse questionário investiga sintomas, presença de úlceras plantares na história clínica e dificuldades funcionais e, quando obtidos 2 pontos ou mais, de um total de 15, o paciente diabético é considerado neuropata. Desses 198, 49 atingiram os critérios para inclusão.

Os indivíduos do GC foram recrutados após a coleta dos dados do GD, de forma a parear as variáveis da idade, índice de massa corpórea (IMC), níveis de atividade física, e eram provenientes da própria instituição onde o estudo foi realizado. Houve dificuldade na seleção desta amostra, não sendo possível atingir o mesmo número de sujeitos do GD, porém a análise inferencial realizada permite que as comparações entre os grupos seja feita, mesmo com a diferença de números, sem comprometer os resultados estatísticos, já que os testes aplicados consideram tais diferenças.

Os critérios de inclusão para os grupos foram: ambos os sexos, sujeitos com idade inferior a 60 anos, deambulação independente, ausência de macroangiopatia, osteoartrose em membros inferiores, sem história de doenças neurológicas, musculares ou reumáticas fora da etiologia da diabetes, sem história de alcoolismo e sem amputação de pés bilateral de forma total ou parcial a partir do nível dos metatarsos.

Todos os sujeitos tomaram conhecimento dos procedimentos experimentais através de um termo de consentimento livre e esclarecido, aprovado pela Comissão Ética local (Protocolo no. 262/02).

Protocolo experimental

O protocolo experimental foi constituído de 2 etapas que tiveram a duração aproximada de cinqüenta minutos: (1) avaliação da sensibilidade somatossensorial tátil e térmica e (2) avaliação da amplitude articular, função muscular e da funcionalidade de tornozelo e pé.

Na primeira etapa do protocolo experimental, as modalidades de sensibilidade tátil e térmica foram avaliadas em 5 áreas plantares: antepé medial, antepé lateral, medio-pé, calcanhar e hálux11. A sensibilidade tátil foi avaliada utilizando um conjunto de monofilamentos de nylon, tipo Semmes-Weinstein (SORRI Bauru®)5. Os monofilamentos, do mais fino para o grosso, foram pressionados sobre esses sítios plantares até que fossem dobrados. O mais fino monofilamento sentido pelo sujeito define seu nível de sensibilidade tátil. Foram utilizados 3 monofilamentos: 4,17; 5,07 e 6,10. A sensibilidade térmica foi avaliada fazendo um contato na superfície plantar com um corpo de prova de 0,5 cm de diâmetro e material metálico aquecido por 30 segundos, um frio, resfriado por imersão em gelo por 1 minuto e um neutro. O corpo de prova neutro foi aplicado antes da aplicação do corpo de prova quente ou frio. Esse modo de avaliação térmica é utilizado em ambulatórios clínicos10, muito embora não haja um consenso na clínica ou na literatura em relação ao tamanho do corpo de prova, ou à temperatura do mesmo, ou ainda se é usada ou não uma temperatura neutra entre as avaliações.

A segunda etapa foi constituída de uma avaliação funcional, em que foram realizados testes de função muscular, amplitude articular e testes funcionais em atividades da vida diária. Os testes de função muscular foram baseados nos protocolos estabelecidos por Kendall et al.12, graduando de 0 a 5 a função muscular e foram aplicados nos músculos do pé (flexores e extensores dos dedos e hálux, lumbricais e interósseos) e nos músculos flexor (m. tibial anterior) e extensor (m. tríceps sural) do tornozelo. As amplitudes de movimentos articulares de tornozelo e pé (flexão e extensão, inversão e eversão) foram avaliadas segundo a metodologia adotada por de Marques13, utilizando-se um goniômetro universal.

A avaliação funcional dos membros inferiores foi feita por meio de alguns testes descritos por Palmer e Epler (2000)14, utilizando como escala para a análise dos dados o número de repetições realizadas pelo sujeito em cada teste. Pedia-se ao sujeito que, em pé, levantasse os dedos e antepé do chão (dorsiflexão), levantasse o calcanhar do chão (flexão plantar), levantasse a parte lateral do pé do chão (eversão) e que levantasse a parte medial do pé do chão (inversão). Sentado, o sujeito devia pegar um algodão com os dedos do pé (flexão dos dedos) e levantar só os dedos do pé do chão (extensão dos dedos). Contou-se o número de repetições durante o período de 30 segundos. A orientação dada aos pacientes foi a de repetir o movimento a maior quantidade de vezes possível. Para o teste de eversão e inversão de pé, utilizou-se a seguinte classificação: nenhuma repetição - não funcional, de 1 a 2 repetições - pouco funcional, de 3 a 4 repetições - razoavelmente funcional, de 5 a 6 repetições funcional. Para os demais testes de flexão e extensão de tornozelo e dedos, utilizou-se a seguinte escala: nenhuma repetição - não funcional, de 1 a 4 repetições - pouco – funcional, de 5 a 9 repetições - razoavelmente funcional, de 10 a 15 repetições - funcional. Dessa forma, os pacientes foram divididos em 4 níveis (não-funcional, pouco funcional, razoavelmente funcional e funcional) para a análise dos dados.

Tratamento estatístico

As variáveis idade, massa, estatura, IMC, amplitude de movimento articular, número de repetições nos testes funcionais foram analisadas por meio de testes paramétricos e não paramétricos, dependendo da sua distribuição de normalidade. Para comparação das variáveis antropométricas e de ADM entre os 2 grupos foi utilizado o Teste t. Variáveis em escala ordinal como a função muscular, sensibilidade tátil e proprioceptiva, pontuação geral do questionário de Feldman e os testes funcionais foram comparadas entre o GD e GC pelo teste de Mann-Whitney. Já a sensibilidade térmica (escala nominal) foi comparada por meio do teste Qui-quadrado. Para todas as avaliações, verificou-se semelhança nas respostas entre o pé D e E, pelo teste Qui-quadrado; dessa forma realizaram-se as comparações entre os grupos sem distinguir D e E, totalizando 98 pés avaliados para o grupo GD e 44 para o GC. Foram consideradas diferenças estatisticamente significativas quando o nível de significância era menor ou igual a 0,05.

 

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Os dois grupos foram semelhantes quanto à idade (GC- 53,3±4,3 anos, GD - 58,5±11,0 anos), índice de massa corpórea (GC - 25,4±6,7 kg/m2, GD - 27,4±6,8) e inatividade física (GC -81,8%, GD -73,5% ). O tempo médio de diabetes foi de 13,1±7,5 anos e a última glicemia de jejum foi de 182,8±81,7. Quanto à pontuação do questionário de Feldman, os dois grupos apresentaram-se estatisticamente diferentes em relação às medianas (GC - 1, GD - 6). O restante dos resultados é apresentado a seguir.

Quanto à ADM, o GD apresentou médias inferiores ao GC, sendo que a extensão do tornozelo foi o movimento articular que mostrou diferença sigificativa.

Tanto a sensibilidade tátil quanto a térmica estiveram diminuídas no GD em relação ao GC, com diferenças significativas em todas as regiões plantares, em especial no calcanhar.

A função musular também apresentou-se estatisticamente menor no GD em relação ao GC em todos os grupos musculares testados. Os grupos mais afetados foram os interósseos, tríceps sural e extensor dos dedos.

Os testes funcionais mostraram resultados inferiores no grupo dos pacientes neuropatas, enquanto que o GC apresentou todos os resultados máximos.

 

 

 

 

 

 

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A diminuição de mobilidade articular, função muscular e funcionalidade de membros inferiores observada especialmente no GD, porém também observada em menor grau no GC, poderia ser atribuída ao processo natural de envelhecimento. Porém, ambos os grupos se encontram na faixa de adultos maduros e não idosos15, e pode-se assumir que a neuropatia diabética é um fator responsável pelas diferenças encontradas entre os dois grupos.

Os dois grupos apresentam-se com sobrepeso, também de acordo com a OMS16. Portanto, mais uma vez, embora não adequada a distribuição antropométrica da massa em ambos os grupos, não se pode atribuir as diferenças encontradas entre os grupos ao sobrepeso.

O tempo de diagnóstico da diabetes dos indivíduos avaliados foi de 13,1 anos, e o valor médio da última glicemia de jejum foi de 182,8 mg/dl, que está acima do esperado para o controle da diabetes, já que o valor considerado normal para essa população é de até 126 mg/dl para a glicemia de jejum17. Um dos fatores que predispõe ao aparecimento da neuropatia periférica é o valor glicêmico alto, assim como a flutuação do mesmo17.

 

 

 

 

Dos pacientes avaliados, 73,5% não realizavam atividade física regularmente, mesmo sabendo que o exercício físico faz parte do seu tratamento por melhorar a tolerância à glicose e a sensibilidade à insulina. Além disso, o exercício físico também pode retardar e impedir a atrofia tissular, melhorando a tolerância do tecido a suportar cargas e diminuindo a chance do aparecimento de úlceras plantares18. O GC também se mostrou, em sua maioria, composto por sujeitos inativos (81,8%). Isso garante que as diferenças entre esse grupo e o GC, quanto as ADMs e a função muscular observadas, não são decorrentes da prática de atividades físicas regulares.

Houve bastante dificuldade em encontrar estudos que utilizaram avaliação semelhante a este estudo para que fosse possível a comparação dos resultados. Não há, na literatura, uma avaliação sensorial e funcional com os mesmos parâmetros selecionados no presente estudo e com essa mesma população.

Quanto às sensibilidades somatossensoriais tátil e térmica, observa-se que há diminuição importante e significativa no GD. Embora o Consensus of the Diabetic Foot19 estabeleça o monofilamento 5,07 como critério para neuropatia diabética, a perda sensorial já com o monofilamento 4,17 indica perda de sensação protetora para o pé, vulnerabilidade a lesões e perda de discriminação para quente e frio e chama a atenção para o início da instalação da doença. Assim, se essa perda pode ser identificada logo no início, os aspectos preventivos podem ser reforçados e os clínicos, estabelecidos a fim de evitar complicações. A maior parte da amostra de diabéticos concentrou-se não nessa fase inicial, mas em uma moderadamente avançada, em que apenas pouco mais da metade das respostas dadas por esses sujeitos se referiu ao monofilamento mais fino (4,17), estando predispostos a sofrer ferimentos e quedas com maior facilidade do que a mesma população de indivíduos sadios.

O calcanhar é a região do pé que apresenta maior quantidade de queratina e gordura, justamente por ser uma das regiões mais sobrecarregadas durante as tarefas de locomoção e receber inervação sensitiva do nervo sural. Sabe-se que esse nervo é um dos primeiros a serem acometidos na progressão da neuropatia diabética20, e pode explicar o seu maior comprometimento em relação às outras áreas. Deve-se considerar que um fator importante de influência na interpretação do estímulo é a caracterização do tegumento plantar. Se esse tegumento for muito ou pouco queratinizado, com grande ou pequeno coxim adiposo, ocorrerá interferência na percepção do estímulo tátil e térmico11, que pode explicar a diminuição da percepção sensitiva encontrada no GC.

A perda da sensibilidade é um dos principais fatores que contribuem para a diminuição das aferências para o sistema de controle motor e, portanto, para a diminuição do equilíbrio, gerando alterações na marcha e na postura, como menor cadência, passos mais curtos e menor aceleração, assim como lentidão na correção de erros motores ou quando é necessário transpor obstáculos21. Dessa forma, pode-se inferir que esses pacientes neuropatas estão mais propensos a sofrer episódios de quedas, que tenham dificuldade em subir escadas e mesmo deambular por ruas movimentadas e acidentadas.

Os músculos intrínsecos do pé são os principais responsáveis pela manutenção dos arcos plantares, e a fraqueza deles pode determinar uma alteração da estrutura do pé, gerando áreas de hiperpressão e predispondo ao aparecimento de úlceras plantares22. Conforme observou-se, neste estudo, no grupo GD, com fraqueza do músculo tibial anterior, que é um dos primeiros músculos a serem comprometidos na neuropatia diabética20, ocorre o desenvolvimento do "pé caído", fazendo com que, na fase de apoio da marcha, a ação excêntrica necessária para frenar o movimento do apoio do antepé no chão esteja menos eficiente, aumentando o choque dessa região do pé com o solo, fato esse já observado por alguns autores23. Assim, pode ocorrer um aumento da pressão plantar na região do antepé em função dessa situação e maior chance do aparecimento de úlceras plantares.

Essa perda de função muscular, entre outros fatores, refletiu na dificuldade que os sujeitos do GD apresentaram na realização dos testes funcionais, nos quais receberam pontuação significativamente menor em relação ao GC. Foram os testes funcionais de extensão e flexão dos dedos que apresentaram maior correlação (R= 0,37 e 0,424, p= 0,00), embora não tão representativa, com os testes de função muscular dos extensores longo e curto dos dedos e interósseos plantares, músculos esses que efetivamente são os motores primários de tais ações. Embora a correlação não tenha sido tão expressiva, observa-se uma tendência e um achado clínico que mostram uma dificuldade funcional real no grupo dos pacientes com neuropatia ao realizarem essas atividades funcionais. Além desses testes funcionais, todos os outros também tiveram suas pontuações reduzidas no GD em relação ao GC, e é nítida a diferença entre os dois grupos, em que todos os sujeitos controle são 100% funcionais.

Tanto a função muscular quanto os testes funcionais envolvidos na flexão de tornozelo estão comprometidos. Além do nervo sural, o nervo fibular é um dos primeiros a serem acometidos no decorrer da progressão da neuropatia diabética20 e esse é responsável pela inervação do músculo tibial anterior, motor primário da flexão de tornozelo. Pode-se inferir que diabéticos portadores da neuropatia apresentam diminuição da função do tornozelo, fundamentalmente decorrente do acometimento do nervo fibular.

A diminuição das ADMs são consideradas também fatores de risco para o desenvolvimento de úlceras plantares6,7,15. Na avaliação das amplitudes articulares, observa-se clinicamente que todas médias das ADMs do GD apresentam redução, porém as mais significativas foram as de extensão de tornozelo e eversão de pé. A flexão de tornozelo e inversão de pé, apesar de não apresentarem diferença estatística, apresentam importante redução de amplitude no GD, e podem também ser resultado do acometimento do músculo tibial anterior.

Além da flexão de tornozelo, os testes funcionais para a inversão, eversão e extensão de tornozelo foram os mais comprometidos no GD. Vários fatores podem explicar as alterações nos testes funcionais avaliados: (a) redução na força e da massa muscular24; (b) diminuição da resistência muscular, também descrito por Andersen24; (c) alterações de sensi-bilidade; (d) redução de ADMs. Todos esses fatores apresentaram-se diminuídos nesse estudo no GD.

 

CONCLUSÃO

Os diabéticos neuropatas apresentam diminuição das sensibilidades tátil e térmica, principalmente nos calcanhares; da função muscular, especialmente nos músculos intrínsecos do pé, tibial anterior e tríceps sural; das ADMs e da função de tornozelos. Dessa forma, pode-se concluir que, de fato, a neuropatia diabética foi a principal responsável pelas alterações observadas, já que fatores como o envelhecimento e a inatividade física estavam presentes tanto nos diabéticos quanto nos controles. Todas essas reduções funcionais, sensoriais e musculoesqueléticas podem contribuir para a diminuição da qualidade de vida e para o aparecimento de úlceras plantares, o que implica muitas vezes, internações hospitalares onerosas e que poderiam ser evitadas com um programa preventivo eficiente. A prevenção é um dos principais aspectos a serem orientados aos pacientes de forma a evitar complicações.

Apoio: FAPESP 03/00840-7.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Fonte

Obesidade agrava risco de disfunção erétil

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Conhecido fator de risco para doenças cardíacas, o tamanho da cintura também pode indicar a probabilidade de um homem ter disfunções sexuais e urológicas. É o que afirma um estudo da Faculdade de Medicina Weill Cornell (EUA) publicado no British Journal of Urology International.

A pesquisa incluiu 409 homens com idade média de 40 anos, divididos em três grupos de acordo com as medidas da cintura: menos de 91 cm, entre 91 cm e 101 cm e mais do que 101 cm. No grupo com maior circunferência, 74,5% dos homens disseram ter disfunção erétil. O problema foi relatado por 50% dos participantes de cintura média e por 32% dos que tinham medidas abaixo dos 91 cm. Aqueles com 101 cm de cintura também apresentaram maiores problemas com ejaculação precoce. Os pesquisadores identificaram a disfunção em 60% dos participantes desse grupo, contra 40% e 21% dos casos nos grupos de cintura média e normal, respectivamente.

Segundo os autores, ainda não é possível definir os mecanismos que fazem com que o tamanho da cintura influenciea saúde sexual. No entanto, existe a hipótese de que a gordura abdominal prejudique o fluxo sanguíneo na pélvis e cause alterações hormonais, ambos fatores de risco par a dificuldade de ereção e problemas de ejaculação. 

Pratique os melhores exercícios contra obesidade

Enfrentar a obesidade e diminuir as medidas da cintura requer muita determinação. Além de alterar a dieta, é preciso dar início à prática de exercícios físicos sempre com orientação médica para descobrir a intensidade de treino que o seu corpo é capaz de suportar. Se você quer eliminar peso e ganhar saúde, acompanhe as sugestões de exercícios:

Trabalhe a respiração

"Pacientes acima do peso ficam ofegantes mais rápido porque os pulmões acabam pressionados com o excesso de gordura, não conseguindo se expandir direito durante a inspiração", diz o doutor em ciências da saúde Hildeamo Oliveira, do Centro de Excelência em Medicina do Exercício (CEMEx) Golden Spa. Fisioterapeutas podem recomendar séries de respiração voltadas a regular o funcionamento dos pulmões.

Invista nos exercícios aeróbios

Exercícios como caminhada, bicicleta e a dança podem fazer parte do treino de uma pessoa com obesidade. "Mas, para garantir que as aulas estão no ritmo adequado, é fundamental fazer uma avaliação física e solicitar orientação médica", diz o personal trainer Marcelo Joaquim, do Centro de Cirurgia da Obesidade e Metabólica. 

Hidroginástica previne lesões

Exercícios na água reduzem o peso sobre as articulações, favorecendo aulas mais longas e maior queima de calorias. Sessões de hidroginástica emagrecem e ainda relaxam o corpo. "A água consegue aliviar a tensão causada pelo excesso de peso, tornando a hidroginástica uma atividade revigorante", afirma Hidealmo. 

Esportes na água

Natação e outros esportes adaptados para a água contribuem para a perda de peso. Hidealmo explica que a piscina permite que a pessoa com obesidade faça movimentos mais amplos e consiga frear e acelerar os movimentos com mais facilidade. Vôlei e pólo são jogos que podem ser disputados na água.

Musculação para ganhar força

O personal Marcelo explica que a musculação vai auxiliar o paciente a ganhar força muscular, além de ajudar na perda de gordura. Peça ajuda ao seu médico e ao professor de educação física para obter um treino adequado ao seu grau de obesidade e nível de condicionamento físico.

Frequência sem riscos

Para perder peso com exercícios, você precisa treinar de 60 a 90 minutos por dia, pelo menos cinco vezes na semana. "Após três meses, já é possível elevar as cargas e aumentar a intensidade dos exercícios", afirma Marcelo Joaquim.

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